Por G1
Publicada em 16/07/2021 às 09h16
Ao menos 121 pessoas morreram devido às chuvas que têm caído nos últimos dias na Europa e estão fazendo os rios transbordarem e levarem tudo pelo caminho.
A tragédia ocorre principalmente na Alemanha, onde 103 mortes foram confirmadas até o momento e 1,3 mil pessoas estão desaparecidas apenas em um distrito ao sul de Colônia, no oeste do país.
Mas as chuvas têm afetado também a Bélgica, onde 18 pessoas morreram e também há desaparecidos, e Holanda, França, Suíça e Luxemburgo, embora em menor intensidade.
O número de vítimas pode aumentar consideravelmente, com relatos de deslizamentos de terra e casas sendo arrastadas pela água ou desabando devido à força da água nesta sexta-feira (16).
Imagens áreas divulgadas pelas autoridades do distrito de Colônia mostram uma cratera formada por um deslizamento de terra imenso causado pelo excesso de água, que arrastou lama e destroços.
O que se sabe até o momento:
113 mortos na Alemanha
18 mortos na Bélgica
As regiões mais afetadas na Alemanha são os estados da Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado, com 60 e 43 mortos, respectivamente
1,3 mil pessoas desaparecidas no distrito de Ahrweiler, na Renânia do Norte-Vestfália, a cerca de 40 km ao sul da cidade de Colônia
114 mil casas estão sem energia nos 2 estados, segundo a maior empresa de distribuição do país
Veja no mapa abaixo as cidades mais afetadas pelas chuvas:
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, pediu nesta sexta um firme comprometimento com a luta contra as mudanças climáticas e afirmou que esta é a única alternativa para frear fenômenos meteorológicos extremos, como as chuvas intensas que castigam o país.
"Apenas se nos comprometermos de forma resoluta com a luta contra as mudanças climáticas poderemos controlar condições meteorológicas extremas como as que vivemos atualmente", afirmou Steinmeier em um pronunciamento, em que disse estar "profundamente arrasado" pela "tragédia".
1,3 mil desaparecidos
As fortes enchentes no oeste da Alemanha transformaram ruas em rios com correntezas violentas, que "varreram" carros, arrancaram árvores e derrubaram ou arrastaram algumas edificações.
Comunidades inteiras ficaram em ruínas após rios transbordarem e varreram cidades e vilas, sobretudo nos estados alemães da Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado.
Autoridades alemãs confirmam que 1,3 mil pessoas são consideradas "não reportadas" apenas no distrito de Bad Neuenahr-Ahrweiler, ao sul da cidade de Colônia.
Ainda não é possível saber quantas estão com problemas de comunicação e quantas podem ser vítimas ainda não localizadas.
Em Erftstadt-Blessem, "as casas foram em grande parte destruídas e algumas desabaram", disseram as autoridades locais em uma rede social. "Várias pessoas estão desaparecidas".
São 60 mortes no estado alemão de Renânia-Palatinado, entre elas 12 moradores de uma casa de repouso para pessoas com deficiência na cidade de Sinzig que foram surpreendidos pelo transbordamento do rio Ahr.
Na vizinha Renânia do Norte-Vestfália, as autoridades estaduais estimam em 43 o número de mortos, mas alertam que o número pode aumentar.
Casas desabaram e foram arrastadas pelas águas na aldeia de Schuld, onde muitos estão desaparecidos e quatro mortes já foram confirmadas.
Outras duas pessoas morreram em porões inundados nas proximidades de Solingen e Unna.
A polícia relatou outra morte no município de Rheinbach, e dois bombeiros morreram durante os trabalhos de resgate nas cidades de Altena e Werdohl.
Infraestrutura danificada
As redes de telefonia móvel entraram em colapso em algumas das regiões atingidas pelas enchentes, e pessoas não estão conseguindo falar com familiares e amigos desaparecidos.
Ao menos 114 mil casas estão sem energia nos estados da Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado nesta sexta, anunciou a Westnetz, maior empresa de distribuição do país.
A infraestrutura foi completamente destruída e a reconstrução custará muito tempo e dinheiro, disse a premiê da Renânia-Palatinado, Malu Dreyer, a uma televisão alemã. "O sofrimento continua aumentando".
Merkel nos EUA
A chanceler alemã, Angela Merkel, está em visita oficial aos Estados Unidos. É a sua última viagem ao país antes de deixar o cargo, em setembro.
Sobre as chuvas, Merkel afirmou na quinta-feira (15) que "é um dia que se caracteriza pelo medo, pelo desespero e pelo sofrimento", pois "pequenos rios se transformaram em torrentes inundadas e devastadoras".
"Eu ofereço minha empatia e meu coração está com as pessoas que perderam entes queridos. Incluo aqueles na Bélgica, em Luxemburgo e na Holanda", afirmou a chanceler, dizendo que a extensão total da tragédia só será conhecida nos próximos dias.
Inundações na Bélgica
Na Bélgica, chuvas constantes durante a noite pioraram as inundações no leste do país, onde 18 pessoas morreram e 4 estão desaparecidas.
Mais de 21 mil pessoas continuavam sem eletricidade na região da Valônia.
As principais rodovias foram inundadas nas partes sul e leste do país na quinta-feira (15), e a companhia ferroviária disse que todos os trens foram parados.
Em Liège, uma cidade de 200 mil habitantes, o rio Meuse transbordou e o prefeito pediu às pessoas que moram nas proximidades para que se refugiassem em locais mais altos.
Cerca de 10 casas desabaram em Pepinster, após o rio Vesdre inundar a cidade. Moradores foram evacuados de mais de mil casas.
E na Holanda, na França...
No sul da Holanda, perto das fronteiras com a Alemanha e a Bélgica, autoridades da cidade de Valkenburg evacuaram uma casa de repouso e um hospício durante a noite.
Uma enchente também transformou a rua principal da cidade turística em um rio.
O governo holandês enviou cerca de 70 soldados à província de Limburg na noite de quarta-feira (14). Não há relatos de feridos ou mortos relacionados a enchentes na Holanda até o momento.
Chuvas excepcionalmente intensas também inundaram uma parte do nordeste da França nesta semana, derrubando árvores e forçando o fechamento de dezenas de estradas.
Uma rota de trem para Luxemburgo foi interrompida e os bombeiros evacuaram dezenas de pessoas de casas perto da fronteira com Luxemburgo e Alemanha e na região de Marne.
O equivalente a dois meses de chuva caiu em algumas áreas nos últimos dias, segundo o serviço nacional de meteorologia da França.