Por RFI
Publicada em 31/08/2021 às 15h50
A justiça peruana abriu nesta terça-feira (31) uma audiência preliminar para examinar a acusação contra a ex-candidata à presidência do Peru Keiko Fujimori, processada por crime organizado e lavagem de dinheiro em um caso de financiamento de campanha eleitoral.
A ex-candidata da direita populista, que foi derrotada por 40 mil votos nas eleições de julho, e assim perdeu sua imunidade, está sendo processada em um caso de suposto suborno recebido da construtora brasileira Odebrecht em suas campanhas eleitorais de 2011 e 2016.
O juiz Victor Zuniga abriu a audiência de “controle de acusação”, um passo anterior ao julgamento criminal contra Keiko Fujimori e outros 39 outros réus, incluindo o marido dela, o americano Mark Vito Villanella.
Keiko Fujimori, 46 anos, mãe de duas adolescentes, não foi obrigada a participar da audiência virtual e foi representada por sua advogada Giulliana Loza.
No início de março, a promotoria pediu trinta anos de prisão para a líder do partido Fuerza popular, criado pelo pai de Keiko, o ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), de 82 anos. Ele cumpre pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade.
A construtora brasileira Odebrecht teria pago suborno
No fim de 2019, o procurador José Domingo Pérez obteve a confissão de um ex-executivo da Odebrecht, Luiz Eduardo da Rocha Soares, sobre um suborno de US$ 1 milhão para pagar a campanha de Fujimori, em 2011.
Após 28 meses de investigação, 41 pessoas foram indiciadas por supostas infrações como "crime organizado, lavagem de dinheiro, obstrução à justiça e declarações falsas".
Esta fase preliminar, que pode durar dias, semanas ou mesmo meses, deve decidir se a Justiça aceita a totalidade ou parte da acusação preparada pelo Ministério Público.
Keiko Fujimori passou 16 meses em prisão preventiva e foi libertada no início de 2020, devido à pandemia de Covid-19, e colocada em liberdade condicional. Ela não pode sair de Lima sem autorização judicial, nem se encontrar ou falar com as testemunhas do caso.
Os demais acusados são ex-colaboradores e membros da direção do Fuerza Popular.
O escândalo da Odebrecht envolveu muitos partidos políticos na América do Sul, incluindo o Brasil, onde empresários poderosos admitiram em juízo, no âmbito da Operação Lava Jato, terem distribuído ilegalmente milhões de dólares em propina em troca, principalmente, de favorecimento em contratos públicos.