Por Rondoniadinamica
Publicada em 12/08/2021 às 08h21
Porto Velho, RO – A turba bolsonarista ensandecida vista em vídeo praticando terrorismo psicológico contra o deputado federal Mauro Nazif, do PSB, ganhou o voto dele no fim das contas, vencendo a batalha, mas, no fim, perdendo a guerra.
ENTENDA
Vídeo – Bolsonaristas cercam deputado idoso e recém recuperado de um ataque cardíaco em Rondônia
A PEC 135/19, a do voto impresso auditável, foi sepultada pela Câmara Federal por não alcançar a marca dos 305 votos necessários, a despeito de a maioria entre os congressistas presentes ter se manifestado a favor.
Todos os membros da bancada federal de Rondônia assinalaram de maneira positiva à matéria, diga-se de passagem, não sendo possível discernir quem entre eles votou por convicção ou medo da patota barulhenta, arruaceira, baderneira e espalhafatosa.
Nazif, diferentemente de muitos de seus colegas, não mora em Torre de Marfim, logo é facilmente acessível. Foi brincadeira de criança para os hidrófobos cercá-lo em sua residência em Porto Velho com arroubos autoritários, extremistas, gritaria amplificada por megafones e carro de som.
Isto sem contar os capacetes de motociclista escondendo os rostos na multidão enquanto empunhavam celulares na direção do parlamentar, visando pressioná-lo a todo custo, de qualquer jeito.
Se isso não é coisa de gangue mequetrefe, pé de chinelo, inclusive, então o conceito se esvaiu em meio ao caos vivenciado pela Humanidade do final de 2019 para cá.
Veterano, ao menos naquele momento, o deputado não afagou a sanha doentia do grupo que o coagia na porta de casa. Deixou a dúvida no ar e a respondeu quando quis, conforme alertou às hienas quando confrontado.
Na hora de se posicionar, acabou rendido, talvez com receio da repercussão, ou, de repente, com pavor de o comboio voltar ao seu lar, fazendo escândalo, balbúrdia e azucrinando mais uma vez o sossego familiar que todo mundo merece, inclusive os políticos.
O problema nisso tudo é que essa galera sentiu gosto pela coisa tal quando bichos asquerosos se deleitam com o sangue de suas presas. Ou seja, essas incursões passageiras com ameaças veladas soam no horizonte como possibilidade de se tornarem método, logística usada à exaustão daqui às eleições de 2022.
O fato de o médico ter se dobrado –, independentemente de sua enorme lista de justificativas –, depois de resistir bravamente durante o episódio talvez sirva, inclusive, para o abre-alas dessa tática tacanha de fazer valer visões de determinados grupos através do temor, da coerção.
Se houve crime ou não, não importa. Houve, sim, um ato imoral e doloso à democracia, que, em qualquer lugar civilizado do mundo renderia, no mínimo, manifestações institucionais de repúdio. Agora, se os membros dos órgãos de fiscalização e controle não estão preocupados com os avanços dessa célula despótica, então que não reclamem quando esta chegar às suas habitações babando, berrando, enfim, perturbando enquanto sequer tiraram as pantufas nem trocaram roupões pelos ternos e gravatas.
É bom lembrar que a raiva é transmitida ao homem pela saliva dos animais. Depois da mordida, é o fim.
É sério que o nobre autor da matéria acredita mesmo que esse senhor votou a favor do voto impresso porque foi intimidado por bolsonaristas? Beira a má fé, e subestima a inteligência dos leitores essa interpretação com viés político. Está claro que todos os deputados de RO votaram a favor da media pelo medo de retaliação nas urnas. A quem interessa um sistema eleitoral onde o voto não possa ser confirmado por quem o depositou na urna? Isso não é democracia nem aqui nem no Conxixina.