Por AFP
Publicada em 18/08/2021 às 15h31
A Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou, nesta quarta-feira (18), seu otimismo diante da cooperação de Pequim para buscar a origem da covid-19, apesar de a China rejeitar a ideia de uma nova investigação em seu território.
"Estou convencido que nossos colegas na China estão completamente dispostos a cooperar nas investigações científicas necessárias para conhecer melhor a origem" do vírus, declarou o doutor Michael Ryan, encarregado da OMS para as emergências sanitárias.
Essas declarações chegam após a rejeição, em 13 de agosto, das autoridades chinesas sobre o pedido da OMS para realizar uma nova investigação na China. Pequim pediu então uma visão "científica" e não "política" da investigação.
A OMS e o doutor Ryan pedem há meses que não se politize este assunto.
"A política contaminou totalmente o ambiente. Trabalhamos muito duro nos bastidores para consolidar a confiança e para que as pessoas se comprometam com o processo científico", disse o alto responsável da OMS.
"Acredito que progredimos nesse âmbito, inclusive tenho que admitir que não é fácil devido à retórica que todos temos testemunhado nesses últimos meses", acrescentou.
Os primeiros casos de coronavírus foram identificados no final de 2019 na cidade chinesa de Wuhan (centro). Desde então, o vírus se espalhou pelo mundo, deixando mais de 4,3 milhões de mortos até o momento.
Os cientistas enfrentam problemas para encontrarem sua origem. Pequim combate a hipótese de um vazamento de laboratório e não quer aparecer como responsável pela pandemia.
Uma equipe de especialistas internacionais enviada pela OMS a Wuhan em janeiro de 2021 para realizar a "primeira fase" de seu estudo sobre a origem do vírus já elaborou um relatório conjunto com especialistas chineses.
Este estudo considera que a transmissão do vírus do morcego ao ser humano por meio de um terceiro animal é a versão mais plausível. Os especialistas consideraram no início do ano que é "extremamente improvável" que o vírus tenha surgido em um laboratório.
Esta última hipótese, defendida por Washington em um contexto de rivalidade política com Pequim, foi recuperada nos últimos meses pela OMS, que pediu em 12 de agosto a todos os países, principalmente à China, que publicassem "todos os dados sobre o vírus". Um mês antes, a OMS pediu um controle dos laboratórios chineses.