Por AFP
Publicada em 06/08/2021 às 15h41
Panamá e Colômbia tentarão nesta sexta-feira (6) chegar a um acordo para controlar a enxurrada de migrantes irregulares, afetados pela pandemia, que buscam cruzar a inóspita e perigosa selva fronteiriça de Darién em sua rota para os Estados Unidos.
Somente neste ano, 49.000 migrantes cruzaram a fronteira entre a Colômbia e o Panamá, o mesmo número dos últimos quatro anos juntos, fugindo da crise gerada pela covid-19, pobreza e violência em seus países de origem.
A situação ameaça sobrecarregar os centros de atendimento que as autoridades panamenhas instalaram para cuidar dos migrantes após sua passagem pela inóspita e perigosa selva de Darién, que se tornou um verdadeiro corredor de migração irregular.
Para tentar chegar a um acordo, delegações da Colômbia - chefiadas pela vice-presidente e chanceler Marta Lucía Ramírez - e do Panamá - chefiadas pela chanceler Érika Mouynes - se reunirão nesta sexta-feira na cidade panamenha de Nicanor.
Tanto a Colômbia quanto o Panamá solicitaram ajuda internacional, incluindo dos Estados Unidos, para enfrentar a migração irregular.
- Evitar o crime organizado -
Há várias semanas, milhares de migrantes, incluindo menores e mulheres grávidas, esperam no porto colombiano de Necoclí por barcos que os levem à fronteira com o Panamá para cruzar Darién.
Este corredor de selva de 266 km entre a Colômbia e o Panamá se tornou uma etapa obrigatória para a imigração irregular da América do Sul ao México, Estados Unidos e Canadá.
Os migrantes atravessam a selva de 575.000 hectares, apesar de não existirem rotas terrestres de comunicação, e enfrentam grupos criminosos, rios e animais selvagens como cobras venenosas.
O Panamá pretende chegar a um acordo com a Colômbia semelhante ao que tem com a Costa Rica, por meio do qual um número de migrantes é transferido diariamente de maneira controlada até a fronteira com a Costa Rica para que possam continuar sua jornada.
Também visa evitar que o crime organizado se infiltre no fluxo migratório.
Nos últimos anos, entre os migrantes, as autoridades panamenhas detectaram cerca de 60 pessoas com alerta de terrorismo.
De acordo com dados oficiais, ao longo de uma década, mais de 150.000 pessoas cruzaram o Darién. Embora a pandemia tenha reduzido muito o tráfego, em 2021 os números explodiram novamente.
Até agora este ano, 49.000 pessoas cruzaram a fronteira, a grande maioria haitianos e cubanos, embora também haja asiáticos e africanos.
Depois de atravessar a selva, os migrantes são atendidos em acampamentos montados pelo governo panamenho, que lhes oferecem atendimento e ajuda humanitária em parceria com a ONU e outras organizações internacionais.
Mas uma hipotética chegada massiva levaria esses centros ao colapso.