Por Rondoniadinamica
Publicada em 14/08/2021 às 09h04
Porto Velho, RO – Infelizmente para a democracia e lamentavelmente ao Estado de Rondônia muitos de seus membros no Congresso Nacional acabaram se curvando à ala mais desenfreada do bolsonarismo, aquela ao extremo da ponta direita no espectro autoproclamado conservador.
De joelhos, esses congressistas específicos – não são todos, pois, obviamente, alguns votaram por convicção –, demostraram que é fácil para gente absurdamente mal-intencionada manipular posicionamentos políticos através da força coercitiva.
E aí entra em cena a gritaria, os carros de som, os celulares nas mãos apontados como armas, capacetes cobrindo rostos, enfim, tudo aquilo que um Estado paralelo regido por tribunais de exceção poderia admitir, mas um Democrático de Direito, tal qual ainda é o Brasil, não.
O Rondônia Dinâmica abordou no decorrer da semana o episódio envolvendo o deputado federal Mauro Nazif, do PSB, encurralado na frente da própria casa, coagido por essa trupe. Resiliente, ao menos ali, durante o açoite, resistiu às investidas tacanhas da mesquinharia. Porém, na hora de se posicionar, arregou.
E o arrego dele pode ser visto como o abrir da cancela onde a conduta velada de determina célula despótica, ainda que ínfima e passageira, detém o condão de se transformar em logística de campanha com expressão muito maior para 2022.
A situação envolvendo a PEC 135/19, a do voto impresso auditável, é apenas um pequeno arquétipo de debates de aspecto macro influenciando a postura de cidadãos e cidadãs nas terras de Rondon.
Regionalmente falando, pouco ou quase nada se fala a respeito dos temas regionais, das necessidades comezinhas e ainda não sanadas dos rondonienses.
Nas redes sociais, para se ter ideia, o brado é massivo em relação à prisão do ex-deputado mensaleiro Roberto Jefferson.
Em novembro de 2012, no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), Jefferson foi condenado a 7 anos e 14 dias de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Ironicamente, foi “perdoado” pelo ministro Luiz Roberto Barroso, a quem critica arduamente. Barroso inclusive foi responsável por restituir seus direitos políticos.
Até mesmo o senador de Rondônia Marcos Rogério saiu em sua defesa alegando que o petebista tem se “notabilizado no Brasil nos últimos tempos como uma voz firme da defesa do conservadorismo”.
Na outra ponta, para apresentar um parâmetro palpável, o Instituto Terra Brasil anunciou no começo de agosto: Rondônia perderá mais de R$ 3 bilhões em benefícios se não universalizar saneamento básico em 30 anos.
Hoje, “somente 6% dos moradores do estado dispõem de acesso à coleta de esgoto”.
Esse é o tipo de assunto que não chama a atenção da sociedade como deveria, porque esse eixo mais “esclarecido”, ao menos é assim que se vê quando olha no espelho, está preocupado com a eterna peleja maniqueísta do bem contra o mal, do nós contra eles, dos neoliberais contra os comunistas, dos cristãos contra os ateus e daí por diante.
Foi esse binarismo decadente que colocou em cargos públicos inúmeras figuras inúteis porque o discurso raso ganhou corpo e encontrou eco junto à população. E é ele que nos guiará a escrever as mesmíssimas coisas daqui a quatro anos.