Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 30/08/2021 às 11h14
"Todos os países ricos terão de reunir-se com os representantes das novas autoridades do Afeganistão para falar da recuperação da sua economia", disse Kabulov ao canal televisivo russo Rossiya-24.
Segundo o enviado do Presidente Vladimir Putin, o assunto diz respeito "principalmente aos países que tiveram lá (no Afeganistão) os seus exércitos durante 20 anos".
"É uma questão de honra e consciência corrigir, mesmo em parte, os erros que cometeram", adiantou Kabulov, diretor do Segundo Departamento para a Ásia do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.
O diplomata sublinhou que a Rússia "sempre declarou a sua disposição para participar em esforços internacionais para a reabilitação socioeconómica do Afeganistão pós-conflito".
"Esse momento está a chegar", assinalou Kabulov, adiantando que como primeiro passo "é necessário descongelar" as reservas do Banco Central afegão para que os talibãs não tenham de recorrer ao tráfico de droga. Washington congelou-as depois do movimento fundamentalista ter assumido o controlo do país no passado dia 15.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, por seu turno, afirmou hoje ser prematuro propor a exclusão dos talibãs da lista de organizações proibidas na Rússia.
"É muito importante ver quais serão os primeiros passos dos talibãs no governo do Afeganistão", disse Peskov na sua conferência de imprensa diária, observando que o novo governo afegão ainda não foi formado e não foi concluída a retirada de estrangeiros e de afegãos que com eles colaboraram.
O porta-voz considerou também que devia ser discutida a proposta do Presidente francês, Emmanuel Macron, de se criar uma zona de segurança na capital afegã para a continuação de operações humanitárias.
"É muito importante analisar todas as modalidades de uma tal zona, a sua gestão, mas é necessário antes de mais compreender a posição dos talibãs sobre essa ideia", adiantou.
A França e o Reino Unido vão propor hoje ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a criação desta "zona segura" em Cabul, disse Macron em entrevista ao Journal du Dimanche, um projeto que considerou "totalmente viável".
A criação daquela zona "forneceria um quadro para as Nações Unidas agirem com urgência", explicou.
O objetivo é criar condições para poder dar continuidade às operações humanitárias, nomeadamente de retirada de pessoas, através do aeroporto civil de Cabul. As operações que as forças internacionais concluíram ou estão a concluir têm sido realizadas através do aeroporto militar.
A maior parte dos aliados ocidentais já terminou as suas operações de retirada, mas os Estados Unidos vão manter continuamente voos de evacuação de Cabul até ao fim do prazo, na terça-feira.