Por Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 25/09/2021 às 10h38
Rondônia, a exemplo dos demais estados do Norte do País tem somente duas estações climáticas. O inverno, que estamos entrando agora, quando chove durante seis meses praticamente todos os dias e o verão, época de seca, quando as chuvas são esparsas e ocasionais.
O Estado tem em Porto Velho o porto graneleiro, no rio Machado, fundamental para a economia regional e do País em razão de ser potencial exportador de grãos como soja, milho e café, além de carne, pois Rondônia está entre os seis maiores rebanhos bovinos de corte do Brasil. Pelo porto da capital também são exportadas boa parte da produção de soja e milho do Mato Grosso.
Para que a produção de grãos e carne possa chegar ao porto do rio Madeira é necessária a utilização da BR 364, que é a principal rodovia federal do Estado, pois a ferrovia, apesar de chegar a Rondônia na sua fase embrionária, a Madeira-Mamoré ligando Porto Velho a Guajará-Mirim, na fronteira com a Bolívia com cerca de 300 quilômetros, hoje é parte da história do jovem Estado. A 364 é fundamental para a economia do Estado e também do País.
Ocorre que a BR 364 foi construída na década de 80, quando o maior veículo de carga da época era a jamanta (caminhão trucado) e transportava cerca de 15 toneladas. Hoje o transporte da produção de grãos é feito por carretas, bitrens e treminhões que suportam carga de 50 toneladas.
A média de fluxo de veículos pesados pela BR 364, no trecho entre Porto Velho a Vilhena, na divisa do Mato Grosso com aproximadamente 700 quilômetros em períodos de safra de grãos é de 2,5 mil veículos/dia. A 364 não tem condições de suportar a demanda de veículos, cargas elevadas e com mais um agravante: no período de inverno, chove torrencialmente quase todos os dias e o pavimento construído na década de 80 não tem condições de suportar a demanda, porque o alicerce é frágil.
Apesar da importância da BR 364 para a economia nacional e regional, a rodovia não recebe a devida e merecida atenção do governo federal, dos senadores e deputados que compõem a bancada federal de Rondônia e também do Acre, que é favorecido com a 364. A BR deve ser restaurada e não recuperada com a utilização do tapa-buracos, na verdade a “mina” de ouro das empreiteiras, que todos os anos são convocadas a fechar os buracos provocados pelas chuvas e pelo fluxo elevado de veículos pesados durante as safras de grãos.
Outro problema sério do pós-chuvas é o elevado número de acidentes, que coloca a 364 na condição de “Corredor da Morte” devido a precariedade do pavimento. Sem condições de trafegar com segurança, devido aos buracos os acidentes aumentam de forma considerável depois do período de inverno amazônico e enlutam famílias, situação que poderia ser evitada com a adequação da rodovia à realidade do tráfego.
É inadmissível que o governo federal, via Dnit, não tenha um planejamento para restauração do alicerce da BR 364, adequá-lo à condição atual de tráfego e posteriormente duplicar o trecho entre Porto Velho a Vilhena. É notório o favorecimento às empreiteiras, que todos os anos tem faturamento garantido com a realização dos trabalhos de tapa-buracos.
No próximo ano teremos eleições gerais, menos a prefeitos e vereadores, que foram eleitos em novembro de 2020. O eleitor de Rondônia deverá analisar com o máximo de critério quem elegerá para governar Rondônia, legislar na área federal (senadores e deputados) e comporão a Assembleia Legislativa.
O compromisso de restauração e posterior duplicação da BR 364 deve ser condição “sine qua non” do eleitor, para entregar o seu voto. É inadmissível, que sejam gastos milhões do sistema púbico financeiro, todos os anos com tapa-buracos e recuperação, que são paliativos, muito bom para “estufar” os bolsos dos proprietários das empreiteiras e esvaziar os cofres públicos.
Também é necessário que as entidades representativas cobrem dos políticos uma BR 364 digna da economia de Rondônia e da importância do Estado para o sistema econômico nacional. Rondônia, além de produzir grãos e gado de corte exporta, através do porto graneleiro do rio Madeira. É garantia de divisas internacionais. Não basta tapar os buracos da BR 364, é preciso restaurá-la e duplica-la. Já!