Por Rondoniadinamica
Publicada em 04/09/2021 às 09h24
Porto Velho, RO – O senador de Rondônia Marcos Rogério, do DEM, tem toda a razão do mundo para alegar que o envolvimento de seu ex-assessor em investigações deflagradas pela Polícia Federal através da Operação Alcance não conserva quaisquer ligações com sua atividade parlamentar no Congresso Nacional.
A situação, em todo o seu espectro problemático, envolve suposta organização criminosa voltada ao tráfico de quantidades assustadoras de cocaína. Logo, assunto complexo que exige – ou deveria exigir –, mais do que a terceirização da culpa, prática contumaz apresentada pelo membro rondoniense no Senado Federal.
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Aliás, frise-se, apesar de Rogério denominar o sujeito como ex-funcionário, diga-se de passagem, este só fora exonerado exclusivamente por conta dos desdobramentos das diligências policiais.
Até ali o investigado detinha, sim, os devidos vínculos institucionais e gozava dos volumosos vencimentos aos quais fazia jus exatamente em decorrência dessa ligação hoje tão rechaçada pelo demista tal qual o Diabo fugindo da cruz, como diz o adágio popular.
Por outro lado, o congressista acaba trocando os pés pelas mãos quando resolve lançar mão d0 já manjado argumento que gira em torno de tentar jogar tudo no colo da esquerda.
É o que representa o meme “E o PT, hein?”, usado na Internet para fazer troça de pessoas que sacam reiteradamente a desculpa estapafúrdia, especialmente autoridades como Marcos Rogério, que, com pronunciamentos batidos, frases de efeito e vozes empostadas, buscam se desfazer de suas responsabilidades.
No caso, a despeito de não existir, por ora, como já mencionado neste editorial, conexões entre as eventuais práticas ilícitas desempenhadas pelo servidor desligado com o representante governista na CPI da COVID-19, sua maneira de lidar com os fatos acabou respingando, ainda que indiretamente, na cabeça já tão ocupada do presidente da República Jair Bolsonaro.
Zero Hora é um dos jornais mais conhecidos do Brasil / Reprodução-Print Screen
Essa desfaçatez quase patológica, representada muito bem pelo vídeo veiculado na última sexta-feira (03), faz de Marcos Rogério um belo atrativo às manchetes do noticiário nacional.
E isto especialmente porque o imbróglio chegou a ocupar os trending topics do Twitter com uma hashtag abusando do eufemismo ao trocar a primeira letra do seu nome, o m, por um n, tornando-o idêntico à nomenclatura de aclamado seriado veiculado pela plataforma de streaming Netflix em que Wagner Moura atua como protagonista sob direção e produção executiva de José Padilha.
E aí, pela primeira vez depois de muitas sessões da CPI da COVID-19 sendo endeusado por bolsonaristas, o senador jaz solitário e abandonado à deriva em busca de terra firme para repousar seus pés cambaleantes já que a falácia do “e o Lula? E a Dilma? E os comunistas? E os socialistas?” dessa vez não vai colar.
E o Marcos Rogério, hein? E o Bolsonaro?