Por Rondoniadinamica
Publicada em 11/09/2021 às 09h07
Porto Velho, RO – Apesar dos discursos inflamados durante o 7 de Setembro especialmente dirigidos ao Supremo Tribunal Federal (STF), a braveza retórica do presidente Jair Bolsonaro, sem partido, não resistiu a dois dias de repercussões negativas.
Depois de passar por Brasília e São Paulo excursionando seu ímpeto golpista, chegando a dizer que descumpriria determinações judiciais – o que configuraria crime de responsabilidade passível de impeachment –, o mandatário do Planalto arrefeceu.
Sem saber exatamente o que fazer após reverberar no mundo inteiro uma sessão interminável e verborrágica de chorume, o chefe de União foi buscar em seu antecessor, o emedebista Michel Temer, uma solução para as consequências de seus arroubos autoritários e doentios.
Auxiliado por Temer, Bolsonaro mandou veicular institucionalmente um comunicado à Nação, onde, entre outros pontos, confessou:
“[...] na vida pública as pessoas que exercem o poder não têm o direito de ‘esticar a corda’, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia”.
Em seguida, anotou: “Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”.
Jair Bolsonaro chegou até mesmo a elogiar o ministro Alexandre de Moraes, a quem, dias atrás, havia dirigido ofensas nominais de ordem pessoal em seu pronunciamento na Avenida Paulista.
“Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes”, acrescentou.
Por fim, desnudado do rompente despótico, deixou claro que os imbróglios entrelaçados ao membro do STF devem ser resolvidos constitucionalmente através da Justiça:
“Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal”, asseverou.
Paralisação dos caminhoneiros
A sanha tupiniquim da turba bolsonarista chegou a ensaiar uma paralisação de caminhoneiros desencorajada desde o início pelo presidente da República.
Mesmo assim, algumas das figuras mais abjetas travestidas de lideranças, diga-se de passagem, instigavam o piquete, quase levando a economia brasileira, de joelhos na lona, definitivamente à bancarrota.
Em Rondônia também aconteceu.
Celeiro de gente oportunista, o Estado, através de algumas instituições, abraçou um empresário boquirroto acusado pelo Ministério Público de Rondônia (MP/RO) de ser um sonegador de impostos.
E é preciso lembrar, aliás, que o Estado ao abraçar um sonegador está, no mínimo, dormindo com o inimigo.
Ainda assim, o administrador, “vendido” por propagandas como homem de sucesso, tomou as rédeas do movimento paredista para si, sem pensar na sociedade à qual fingia proteger em suas estúpidas declarações idiotizadas.
“O Brasil vai virar uma Venezuela...”.
Atuando regionalmente como uma espécie de Velho da Havan do Paraguai, um Luciano Hang de Chernobil – ou coisa que o valha –, o sujeito pouco se importou se as barricadas impostas às rodovias federais poderiam causar ou não uma verdadeira crise de abastecimento nos 52 municípios rondonienses.
Se sua empreitada funcionasse e os intentos políticos fossem alcançados, ótimo, teria valido a pena para ele, independentemente da desordem e do caos estabelecidos.
Por sorte e apesar de tudo Bolsonaro recuou deixando gente como esse sujeito metido a patriota a ver navios. E a história há de conservar o registro dos partícipes e endossadores do encalhe, quando a vontade de alguns em se promover politicamente falou mais alto do que as necessidades do coletivo, do todo. Pelo reconhecimento de um povo carente de representatividade e na busca pelo cargo público, por pouco, muito pouco, os rondonienses não ficaram sem insumos básicos e combustível.
No fim, é de dar pena dessa pobre gente rica.