Por Rondoniadinamica
Publicada em 01/09/2021 às 11h01
Confúcio Moura: "Como se cada ordenador de despesas tenha que carregar cruzes, mais pesadas que a de Cristo, por toda sua vida" / Imagem: fotomontagem
Porto Velho, RO – Sem qualquer senso de autopercepção, o senador de Rondônia Confúcio Moura, do MDB, ex-governador do Estado afeito a escrever bobagens em seu blog homônimo, finalmente conseguiu.
Cruzou a linha que delimitava veiculações medíocres, pseudoliterárias e fantasiosas ingressando num arroubo narcisista absurdamente lamentável onde ataca violentamente membros das instituições de fiscalização e controle, debochando, inclusive, do Ministério Público e do Tribunal de Contas.
Em tempos de ataques vis às instituições o emedebista certamente engrossa o caldo despótico quando, num rompante defensivo, satirizou a busca de novos gestores públicos recém-empossados pelo apoio destas entidades assim que ingressam em seus respectivos cargos.
O modo de contenção refletido em suas palavras tem razão de existir: é uma crítica a administradores públicos que visam minar seus antecessores abalroando-os com seus próprios processos administrativos problemáticos.
Para alcançarem seus objetivos, buscam promotores, conselheiros e procuradores da República, que, dentro de suas atribuições legais, atuam freando eventuais obscenidades em procedimentos maculados, e, quando possível, solicitam à Justiça punição aos responsáveis pela malversação do erário.
Então são dois pontos completamente distintos em que o congressista intenta fundir para diluir de maneira esculhambada na sua sopa desorganizada de letras.
Político querendo passar rasteira no outro é moda em solo tupiniquim: prática que se confunde com a chegada das caravelas de Cabral a Porto Seguro em 1500.
Agora, a intenção de uma denúncia não descaracteriza em nada o seu conteúdo: se inócua, certamente regozijará no arquivamento; caso contrário, terá prosseguimento até que os nós sejam desatados e os envolvidos, se tudo der certo, punidos.
Em 2019, para se ter ideia, Paulo Roberto Galvão, integrante da Lava Jato em 2017, havia apontado: o Brasil perde cerca de R$ 200 bilhões por ano com esquemas de corrupção.
Logo, qualquer tentativa de ridicularizar o pente-fino desencadeado por quaisquer que sejam os órgãos de fiscalização e controle é, no mínimo, demonstração ímpar de desprezo institucional – ao menos na visão deste jornal eletrônico.
Para além disto, Confúcio Moura ainda nivela o calvário de ordenadores de despesas – geralmente políticos –, ao peso da cruz de Cristo. Aliás, nivelar seria um termo equivocado. Ele dá a entender que o peso nas costas de quem é responsável pela Administração Pública seria até maior.
O Rondônia Dinâmica fez reportagem a respeito na última terça-feira (31 de agosto).
No trecho derradeiro, a matéria explica o contexto:
“[...] Durante o trecho mais sintomático da manifestação literária, Confúcio relata uma conversa com interlocutor denominado apenas como Gilvan.
A prosa retrata a conclusão do parágrafo anterior onde o emedebista desenha panorama cíclico em que políticos denunciam antecessores ao assumirem cargos.
‘E, se possível, jogar o antecessor na cadeia. O tempo avança. O mandato também chegará ao final. E o circuito das culpas continuarão. E aquele que acusou no passado, agora, inverte-se, é acusado’, alega Moura.
Com isso, Gilvan teria dito a ele:
‘Confúcio, isto tudo é culpa do ‘sistema’ brasileiro, urdido para sempre cassar culpados e deixá-los atormentados, muitas vezes, com acusações sem fundamentação, que podem durar dez, até vinte anos’.
O senador conclui:
‘Como se cada ordenador de despesas tenha que carregar cruzes, [sic] mais pesadas que a de Cristo, por toda sua vida’”.
Sem noção, Confúcio Moura, mais uma vez, peca pelo excesso de confiança em suas elucubrações, apontando defeitos onde não há e estabelecendo balizas desarrazoadas entre gente de carne, osso e pecado com..., bem..., Jesus.
É surreal.
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O TEXTO DE CONFÚCIO MOURA: