Por AFP
Publicada em 09/10/2021 às 10h28
A representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), Katherine Tai, conversou, na sexta-feira (8) à noite, com o vice-premiê chinês, Liu He, para discutir as práticas comerciais chinesas que Washington considera injustas e para "forjar" uma relação "responsável".
Esta foi a segunda reunião entre os principais negociadores comerciais dos dois países depois que as relações bilaterais foram seriamente afetadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Katherine Tai e Liu He já haviam tido um primeiro contato em maio.
O encontro de sexta foi "uma oportunidade para os Estados Unidos e a China se comprometerem a construir uma relação comercial que seja administrada com responsabilidade, porque afeta não só as populações de nossos países, mas de todo o mundo", destacou um funcionário do USTR sob condição de anonimato.
"Os dois lados tiveram trocas pragmáticas, francas e construtivas", disse a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.
Tai detalhou as preocupações dos Estados Unidos "com relação às políticas e práticas da China que prejudicam os trabalhadores, agricultores e empresas americanas", observou o USTR.
O governo Joe Biden afirma que os enormes subsídios estatais da China para empresas nacionais, o roubo de propriedade intelectual e outros fatores criam grande desigualdade no comércio.
Essas práticas aumentaram o déficit comercial dos Estados Unidos com a China.
Em 2019, um ano antes da pandemia, foi de US $ 344 bilhões apenas em mercadorias, de acordo com dados do Departamento de Comércio americano.
Nos primeiros oito meses deste ano, atingiu US $ 218,9 bilhões, segundo dados divulgados terça-feira.
- Interesses americanos -
Durante o encontro, também foram "avaliados" os avanços da China na implementação do acordo comercial de "Fase 1", assinado em janeiro de 2020 com o governo Trump.
Katherine Tai e Liu He "concordaram que ambas as partes se consultariam sobre algumas questões pendentes", segundo um comunicado.
Ao contrário de Trump, que lançou artilharia pesada contra Pequim - introduziu tarifas punitivas sobre centenas de bilhões de dólares em produtos chineses - Tai disse no início desta semana que o governo Biden não tinha intenção de "inflamar as tensões comerciais" com o gigante asiático.
Observou, porém, que Washington pretende fazer cumprir os compromissos assumidos no acordo assinado com Trump.
Na "Fase 1" do tratado bilateral, a China se comprometeu a comprar mais US $ 200 bilhões em produtos americanos em dois anos, incluindo produtos agrícolas, de energia e manufaturados.
O objetivo era reduzir o desequilíbrio comercial entre os dois países. Alguns pontos do acordo não foram alcançados em parte devido à pandemia.
Em relação aos 370 bilhões de dólares de tarifas, Tai iniciou esta semana um procedimento para excluir alguns produtos.
Mais do que um gesto de boa vontade, explicou que se trata de conceder isenções "caso a caso" a empresas americanas que não dispõem de fonte alternativa de abastecimento.
Pequim, por sua vez, "negociou o cancelamento do aumento das taxas alfandegárias e sanções adicionais", segundo a Xinhua, sem dar detalhes.
As pequenas e médias empresas vêm alertando há meses que essas taxas ameaçam sua sobrevivência.