Por DW
Publicada em 20/10/2021 às 15h11
O Presidente de transição da Guiné-Conacri, o coronel Mamadi Doumbouya, defendeu um reforço da cooperação com a Guiné-Bissau no âmbito de uma visita que o chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló, efetuou ao país.
Numa declaração conjunta à imprensa, em Conacri, esta quarta-feira (20.10), o Presidente de transição da Guiné-Conacri, o coronel Mamadi Doumbouya, disse estarem conscientes dos numerosos e complexos desafios, mas estarem determinados a assegurar a sua missão.
Em 05 de setembro, uma junta militar liderada pelo coronel Mamadi Doumbouya derrubou o Presidente Alpha Condé, de 83 anos, que se mantém detido desde então, dissolveu o parlamento e os poderes civis eleitos, tendo ainda suspendido a Constituição.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) decidiu, após uma cimeira extraordinária, suspender a Guiné-Conacri de todas as instituições da organização na sequência do golpe que afastou o Presidente Alpha Condé e exigiu a sua libertação.
Reforço da cooperação
Na declaração, Mamadi Doumbouya agradeceu a visita de Umaro Sissoco Embaló ao país, num momento em que as novas autoridades precisam de compreensão, apoio e acompanhamento, salientando que é uma oportunidade de reforçar a cooperação entre os dois países, sendo a questão de segurança a mais premente.
O Presidente da Guiné-Bissau, que divulgou fotos da visita no seu perfil no Twitter, manifestou a sua satisfação em visitar a Guiné-Conacri, terra da sua avó, e salientou que o passado não deve ser esquecido, referindo-se ao apoio dado por Conacri à luta pela independência do seu país.
Umaro Sissoco Embaló disse que não existem golpes de Estado necessários e que o povo da Guiné-Conacri deve viver em paz, reforçando que apesar de não ter boas relações no passado com o Presidente deposto, Alpha Condé, sempre disse que as relações entre países ultrapassam as pessoas.
Insistindo que se deve privilegiar as relações entre os povos e os Estados e não entre homens, o Presidente da Guiné-Bissau, dirigindo-se a Mamadi Doumbouya, disse-lhe também que tinha um grande trabalho pela frente, num país divido do ponto de vista étnico, que deve ser de todos.
Conversa com os golpistas
Umaro Sissoco Embaló já tinha admitido, em setembro, a disponibilidade pessoal para conversar com os autores do golpe em Conacri. "A Guiné-Bissau tem experiência e sabe qual é consequência de um golpe de Estado. Aconteceu aqui várias vezes, mas hoje em dia esse ciclo fechou o que permitiu que o Presidente José Mário Vaz tenha completado os cinco anos do seu mandato", enfatizou Embaló, na altura.
O Presidente guineense, que condenou o golpe militar na Guiné-Conacri, disse ser contra as alterações à Constituição, mas também afirmou serem "comportamentos anormais" que um dirigente "com 90 ou 100 anos" fique no poder como Presidente da República.
Para Umaro Sissoco Embaló, a idade máxima no cargo de Presidente da República é 65 anos, sair para a reforma, dar oportunidade aos mais novos, sem pensar num terceiro mandato, frisou.
"Eu e o Presidente Alpha não somos amigos, nem quero ser amigo dele e nem ele quer ser meu amigo, mas fomos homólogos. Condeno o golpe de Estado porque não sou subversivo, portanto não pactuo com aqueles que fazem um golpe", referiu Embaló, salientando que é a favor da libertação do Presidente derrubado.