Por Rondoniadinamica
Publicada em 09/10/2021 às 09h25
Apocalipse 21:8
"[...] os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte".
Porto Velho, RO – Há quatro anos, o Rondônia Dinâmica fez uma série especial de entrevistas com algumas personalidades políticas e institucionais do Estado.
Entre elas, o deputado estadual Jair Montes, à época vereador de Porto Velho; o ex-deputado Hermínio Coelho, quando ainda membro da Assembleia (ALE/RO) e o promotor de Justiça Héverton Aguiar.
LEIA TAMBÉM
06.03.2017: RD Entrevista – Hermínio Coelho, o deputado brigão que também chora e se lamenta
13.03.2017: RD Entrevista – Jair Montes, de preso e acusado de chefiar quadrilha a vereador reeleito
01.05.2017: RD Entrevista – Héverton Aguiar, a possibilidade de mais um homem da lei na política
Com vidas distintas, trajetórias praticamente sem correlações, seus caminhos se encontraram basicamente em uma única oportunidade: quando da deflagração da famigerada – e malfadada –, Operação Apocalipse, considerada até hoje uma das maiores patacoadas quando o assunto são operações policiais e seus respectivos desdobramentos jurídicos.
À ocasião da Apocalipse, Hermínio Coelho, por exemplo, era presidente da ALE/RO e não estava no estado: ele viu sua residência ser devassada por agentes públicos, com direito a espetáculo de sobrevoo de helicóptero e outras “pirotecnias”. Seu filho mais novo foi preso por ter um apelido parecido com um dos investigados.
Essa situação, por si só, já ilustra bem o ímpeto do ex-secretário de Segurança Marcelo Bessa, que comandou a pasta durante o primeiro mandato de Confúcio Moura, do MDB.
Aguiar, por outro lado, revelou que o Ministério Público (MP/RO) “recolheu os flaps”, deixando as diligências exclusivamente a cabo da Polícia Civil (PC/RO) encabeçada por Bessa. Isto, por divergências nas deliberações sobre providências.
Em relação ao ex-secretário de Confúcio, sua sanha por holofotes era tão grande que não deu outra: no primeiro ano de eleição após a operação que só ele e sua turba consideraram um sucesso, lançou-se como candidato a deputado federal e, como não poderia deixar de ser, foi levado à lona pelo feedback das urnas.
O delegado-estrela, enfim, começava a ruim, porém o período político-institucional mais obscuro do estado, que ele contribuiu sobremaneira para erigir, produziu e ainda produz consequências envoltas aos demandados.
Nesta semana, o site Rondoniaovivo publicou matéria intitulada “Jair Montes e 22 réus são absolvidos pelo STJ na Operação Apocalipse”.
“Depois de oito anos, todos os denunciados foram absolvidos por unanimidade pela 5ª Turma do STJ. O julgamento confirmou a decisão monocrática que o ministro do STJ, Ribeiro Dantas, deu a favor dos acusados”, diz trecho do texto.
A reportagem conclui anotando:
“Os Ministérios Públicos Estadual e Federal ainda recorreram da decisão monocrática, pedindo a confirmação das condenações. O relator Ribeiro Dantas manteve o voto pela absolvição dos 23 acusados, que foi acompanhado pelos ministros Joel Ilan Paciornik, Félix Fischer, Jorge Mussi e Reynaldo Soares da Fonseca”.
O próprio Jair Montes, 1º secretário na atual composição da Mesa Diretora da ALE/RO, sempre defendeu sua inocência e chegou a dar detalhes sobre seu período no cárcere.
Hoje, comemora, e com razão, o que parece ser o final de um capítulo vexatório na história rondoniense.
O apocalipse, no fim, foi como a profecia maia sobre 2012 ou igual às tantas outras lançadas por Nostradamus: o dia nasceu de novo para todos os envolvidos, ao contrário das projeções catastróficas.
A diferença é que uns conviverão com orgulho, cabeça erguida e sensação de alívio; outros, por outro lado, não terão a mesma sorte e serão obrigados a conviver com essa vergonha para o resto de suas vidas.