Por Felipe Santos
Publicada em 18/11/2021 às 09h02
Por Felipe Santos
Um homem frio e violento que o sistema carcerário não conseguiu recuperar. Uma pessoa sem sentimentos, beneficiado pelas progressões de pena. Segundo pesquisa realizada pela equipe de reportagem, João Luiz da Silva Filho, de 50 anos de idade, réu por ter assassinado a facadas o jornalista Alberto de Carvalho Andreoli, mais conhecido como Beto Andreoli, tem uma extensa ficha criminal com três homicídios anteriores.
Seu primeiro assassinato foi no mês de maio de 1990, mais de 31 anos atrás. O motivo foi um homicídio doloso (quando há intenção de matar) que foi avaliado pela 2ª Vara do Tribunal do Júri, do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO), onde em 12/08/1991, João Luiz foi condenado a apenas 06 anos de reclusão, em regime fechado.
Segunda morte
Beneficiado por dezenas de brechas e interpretações das leis brasileiras, pouco tempo depois, já nas ruas de Porto Velho praticou mais um homicídio doloso (com intenção de matar) em 10 de janeiro de 1993.
Desta vez, o processo foi julgado na 1ª Vara do Tribunal do Júri, do mesmo TJRO, onde no dia 26 de agosto de 1993, João Luiz foi novamente condenado, mas com uma pena um pouco menor: 04 anos de reclusão em regime fechado.
Reincidente ganhou uma pena mínima, sendo mais uma vez beneficiado pelo código penal brasileiro que parece ter gerado sensação de impunidade no homicida.
Terceira morte
Ainda de acordo com a pesquisa realizada nos sistemas do Tribunal de Justiça de Rondônia, nova condenação. Desta vez, por homicídio culposo (sem intenção de matar).
O crime teria ocorrido no dia 14 de agosto de 2005, com prisão em flagrante. O julgamento pela 1ª Vara do Tribunal do Júri com a sentença aconteceu em 15/03/2006, com pena de 01 ano e 10 meses de detenção, em regime aberto (cumpriu a pena em liberdade).
Agressões
Em 1995, pouco mais de dois anos após ser condenado por mais um assassinato, agora um novo crime: lesões corporais. Mas este, João Luiz da Silva Filho respondeu em liberdade.
Não se sabe se as agressões foram contra homem ou mulher, mas no dia 29 de outubro de 1996, o processo foi arquivado definitivamente com extinção da pena.
Em março de 2012, M. F.S., pediu uma medida protetiva de urgência contra João Luiz, baseada na Lei Maria da Penha.
O processo foi distribuído em julho de 2011 para o 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Porto Velho, com arquivamento definitivo em março de 2012, onde não tivemos acesso aos detalhes do desfecho.
Quarta morte
O quarto crime de morte cometido por João Luiz da Silva Filho foi no dia 12 de abril do ano passado, na esquina das Ruas Venezuela e Abunã, no bairro Embratel.
Desta vez, a vítima foi Beto Andreoli, morto com extrema violência, com várias facadas no tórax e pescoço, mesmo desarmado, caído no chão e com ferimentos graves.
Segundo testemunhas, ele foi assassinado após uma discussão boba por conta de um capacete de moto pertencente a João Luiz.
Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual, o crime foi cometido com meio cruel e o acusado aumentou inutilmente o sofrimento da vítima, “revelando uma brutalidade fora do comum e em contraste com o mais elementar sentimento de piedade”.
Pelo assassinato de Beto Andreoli, João Luiz será julgado por motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa do ofendido. O acusado (passando a réu) teve a denúncia aceita pela Vara do Júri no dia 07 de dezembro do ano passado.
“Esse cara é um homicida nato. Já foi beneficiado outras vezes por progressões de pena. Quem já matou quatro pessoas, sai para a rua, e vai matar mais um, não merece sair mais. ” desabafou o pai de Beto, o jornalista Paulo Andreoli.
O réu João, agora com quatro mortes na ficha será novamente julgado nesta sexta (19) ás 8hs na 1ª vara do Juri.