Por RFI
Publicada em 10/11/2021 às 14h48
O primeiro-ministro social-democrata da Suécia, Stefan Löfven, renunciou nesta quarta-feira (10), a menos de um ano das eleições gerais no país. A saída dá início ao processo de sucessão que poderá levar a atual ministra das Finanças, Magdalena Andersson, ao cargo.
Apesar de ser uma clara defensora da igualdade de gênero, a Suécia nunca teve uma primeira-ministra, ao contrário de todos os outros países nórdicos.
Magdalena Andersson, eleita na semana passada como chefe dos social-democratas para substituir Löfven, também deve sucedê-lo como chefe de governo. A nomeação depende ainda de uma votação no Parlamento, cuja data ainda não foi fixada.
Para se tornar a primeira primeira-ministra na Suécia, Andersson não pode ser rejeitada por uma maioria absoluta (175 cadeiras em 349).
Um saldo de conciliação
O ex-sindicalista metalúrgico, Stefan Löfven disse que "mal pode esperar para desfrutar de uma sauna em sua casa", em Örnsköldsvik, no norte da Suécia.
Ele sai enfraquecido, após sete anos no poder, e na sequência de uma crise política que teve início no verão. Em agosto, ele anunciou que deixaria o cargo em novembro, antes das eleições de setembro de 2022. "Foram sete anos fantásticos e tenho muito orgulho de dizer que um homem da classe trabalhadora de Sunnersta, em Ådalen, tenha tido o grande privilégio de liderar este país durante esses anos", disse Löfven em uma conferência.
Ex-soldador, de 64 anos, Löfven trouxe a esquerda sueca de volta ao poder, em 2014. Em seguida, voltou a se aproximar do centro-direita após as eleições de 2018.
Considerado um bom negociador, segundo os especialistas, ele conseguiu colocar o seu partido - então "no caos" - no caminho certo. "Ele nunca foi considerado um líder visionário, mas foi necessário quando o partido estava em dificuldade, e funcionou bem”, analisa Anders Sannerstedt, professor de ciência política da Universidade de Lund.
Gestão da Covid-19
Durante o seu mandato, Löfven teve de enfrentar a ascensão da extrema direita, uma crise migratória e sanitária, assumindo, ao final, a estratégia divergente da Suécia face à Covid-19. Ao contrário de medidas mais rígidas, como o lockdown, a dissonante estratégia sueca atraiu a atenção mundial ao priorizar uma abordagem mais flexível - mas que também incorporou, gradativamente, ações mais restritivas a fim de promover o distanciamento social e a contenção da pandemia.
A posição de Löfven foi enfraquecida ainda mais em junho, após um voto de desconfiança sem precedentes que derrubou o seu governo, após o partido de Esquerda protestar contra um plano para liberalizar os aluguéis. Depois de mais de uma semana de crise, ele foi finalmente reinvestido pelo Parlamento, em 7 de julho, mas permaneceu em uma posição frágil.
Para Sannersted, a decisão de entregar o cargo é "acertada", antes da eleição que promete ser disputada. “A eleição de 2022 dever ser muito apertada, como mostram pesquisas recentes”, observa o especialista.