Por G1
Publicada em 20/11/2021 às 09h49
Neste domingo (21), os chilenos vão às urnas para escolher um novo presidente, senadores, deputados e conselheiros regionais. São mais de 4.400 candidatos para 485 cargos eletivos. Para o Senado, onde o mandato é de oito anos, a eleição deste ano só acontecerá em nove das dezesseis regiões do país.
Esta será a primeira vez, em 16 anos, que nem Michelle Bachelet nem Sebastián Piñera são candidatos a presidente.
Veja abaixo uma lista dos candidatos e qual é a intenção de votos de cada um na pesquisa Plaza Pública feita em 5 de novembro:
José Antonio Kast (Partido Republicano), com 25%;
Gabriel Boric (Convergência Social), com 19%;
Franco Parisi (Partido da Gente), com 10%
Yasna Provoste (Partido Democrata Cristão), com 9%;
Sebastián Sichel (Independente), com 8%;
Marco Enriquez-Ominami (Partido Progressista), com 5%
Eduardo Artés (União Patriótica), com 2%
No Chile o voto é facultativo. Nas últimas duas grandes eleições, a participação não passou de 50% do total de eleitores aptos.
Em 2017, quando Sebastián Piñera foi eleito, a participação eleitoral no primeiro turno foi de 46% e no segundo turno foi de 48%.
Quem é Kast
José Antonio Kast é um advogado conservador e representa a extrema direita. Em seu programa presidencial, ele propõe diminuir a presença do Estado nas instituições, reduzir impostos, privatizar empresas estatais e eliminar o Ministério da Mulher e da Equidade de Gênero. Contrário ao aborto, Kast já divulgou fake news sobre o tema.
Durante 20 anos, ele foi do partido ultraconservador União Democrática Independente. Em 2019, ele criou o Partido Republicano. Em 2017, ele ficou na quarta colocação, com 7,93% dos votos.
Filho de imigrantes alemães que chegaram ao Chile em 1951. Sua família tinha uma fábrica de linguiças e uma rede de restaurantes.
Boric: o candidato da esquerda
Gabriel Boric, de 35 anos, é o candidato da aliança de esquerda, que reúne o Partido Comunista e a Frente Ampla.
Em sua campanha, ele tem defendido um modelo de Estado semelhante ao de bem-estar social de alguns países europeus.
Ele propõe a criação de uma aposentadoria mínima de 250 mil pesos (cerca de R$ 1.700).
O sistema seria financiado pela contribuição dos trabalhadores em atividade –hoje, os trabalhadores da ativa pagam 10%, Boric diz que a ideia seria aumentar gradativamente até 18%, e que uma parte do encargo ficaria com o empregador.
Os outros candidatos
Sebastián Sichel, de 44 anos, é o candidato do governo Piñera. Na economia, defende o mercado livre aliado a um Estado forte.
Para ele, o modelo de Previdência seria parecido com o atual, mas iria quebrar o oligopólio dos atuais administradores de fundos de pensão para aumentar a competição. Ele diz que o modelo que ele prefere é algo parecido com o que existe na Austrália.
Yasna Provoste, de 51 anos, é a candidata dos democratas-cristãos. Atualmente, ela é senadora.
Ela foi ministra do ex-presidente Ricardo Lagos e de Michelle Bachelet. Uma das suas mais populares promessas de campanha é o reajuste de salário base dos professores.
Em seu programa eleitoral, ela prevê a criação de mais empresas públicas. Ela também acha que é necessário ter um plano de transição para o país pós-crise de Covid-19 e que visa neutralizar parte do impacto causado na economia pelos protestos sociais que eclodiram no país desde outubro de 2019.
Franco Parisi, um candidato de direita, mora nos Estados Unidos e não pisou no Chile durante a campanha. Ele tem uma dívida de pensão alimentícia que já ultrapassa dos $ 207 milhões de pesos chilenos (cerca de R$ 1,3 milhão).
Segundo turno
Kast e Boric devem ir para o segundo turno, de acordo com o cientista político Javier Sajuria.
Para ele, o candidato que ganhar será o que tiver a menor rejeição. "O voto contra o Kast é possível, mas Boric e o Partido Comunista (que o apoia) também têm que enfrentar uma rejeição –não será imprevisível se, no segundo turno, a direita usar o apoio que o Partido Comunista dá a Boric", afirma Sajuria.
Após a ditadura de Augusto Pinochet, a democracia chilena teve anos de governos moderados que eram apoiados por uma coalizão ampla. Isso se enfraqueceu, diz Sajuria. "Por um lado, houve um desgaste de uma coalizão que ficou 20 anos no poder e difícil evitar más pratica políticas durante tanto tempo. Além disso, há uma noção, de que nos anos da Concertación (nome da coalizão) havia uma política mais moderada que era considerada capitalista ou liberal e que havia pouco questionamento a esse modelo."
Presidente e a nova Constituição
Apesar do próximo presidente não estar envolvido diretamente na elaboração da nova Constituição, o plebiscito para aprová-la vai ocorrer no mandato de quem for eleito neste ano.
O próximo presidente pode influenciar nessa votação, diz Sajuria. Kast já disse que se houver algo que o desagrade, ele vai fazer isso.
"Uma vez aprovada a Constituição, há uma série de reformas que precisam ser feitas para que o texto funcione de fato. Isso poderá levar anos ou ser mais rápido, e vai requerer muita agilidade e habilidade do Executivo", afirma Sajuria.