Por G1
Publicada em 05/11/2021 às 14h50
Milhares de jovens ativistas de várias partes do mundo realizaram um protesto nesta sexta-feira (5) nas ruas de Glasgow, na Escócia, durante o quinto dia da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26).
O evento foi organizado, entre outros, pela ativista sueca Greta Thunberg, criadora do movimento em defesa do clima Fridays for Future. Ela discursou em um palco montado pelos jovens e afirmou que está é a "edição a mais excludente da COP de todos os tempos".
“Não é segredo que a COP26 é um fracasso. Não podemos resolver uma crise com os mesmos métodos que nos colocaram nela”, protestou Greta.
"Nossos líderes não são nossos líderes. É assim que um líder deveria se parecer", disse Greta, apontando para os milhares de jovens que a escutavam na plateia.
Segundo uma estimativa do jornal Washington Post, cerca de 25 mil jovens participaram das manifestações em Glasgow.
"Muitos dizem que somos radicais demais. Radicais são eles [líderes de Estado e empresários], lutando para salvar seus sistemas", disse Greta.
"Não precisamos de mais promessas", disse a ativisita. " (A COP) se transformou em um evento de relações públicas onde os líderes estão fazendo belos discursos e anunciando compromissos e metas extravagantes, enquanto por trás das cortinas os governos dos países do Hemisfério Norte ainda se recusam a tomar qualquer ação climática drástica”, afirmou Greta.
Assim como postou nas redes sociais na quinta-feira (4), Greta voltou a classificar na manifestação desta sexta-feira a COP 26 como um "festival de greenwashing".
"#COP26 foi nomeada como a conferência mais excludente da história. Esta não é mais uma conferência climática. É um festival de 'greenwashing' do Hemisfério Norte. Uma celebração de duas semanas de negócios, como de costume, e blá, blá, blá", disse Thunberg.
"Greenwashing" é uma expressão em inglês criada para descrever a ação de organizações, empresas ou governos que se vendem como sustentáveis para ganhar dinheiro. No caso, fazem acordos, não cumprem e ainda usam a imagem de "amigos do meio ambiente".
Jovens protestam contra Bolsonaro
Ainda durante a marcha, jovens do movimento brasileiro Coalizão Negra por Direitos - que também discursaram no evento sob gritos de protesto contra o governo Bolsonaro - lançaram carta Intitulada “Para controle do aquecimento do planeta - desmatamento zero: titular as terras quilombolas é desmatamento zero”.
O documento foi assinado por 250 entidades e defende medidas diretas contra o racismo ambiental, para a redução do aquecimento do planeta, para desmatamento zero nas florestas Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga, além da titulação das terras e dos territórios quilombolas como estratégias pelo desmatamento zero.
Como racismo ambiental, a carta define: "a falta de segurança ambiental aos territórios urbanos e rurais de maioria populacional negra, impactada pela expropriação, poluição hídrica, atmosférica, pelos eventos climáticos extremos, pela morada em áreas de risco, pelo despejo de resíduos, pelo não acesso aos serviços de saneamento básico, impactados pelas enchentes, deslizamentos, doenças de veiculação hídrica, entre outros".
Jovens indígenas da Amazônia também discursaram. Eles exigiram a demarcação das terras indígenas no Brasil e denunciaram as invasões de garimpeiros nas terras indígenas Munduruku e Yanomami, a contaminação dos rios e dos indígenas da Amazônia pelo uso ilegal do mercúrio pelos garimpeiros, os assassinatos de indígenas por invasores e as crescentes taxas de desmatamento durante o governo de Jair Bolsonaro.
Levantamento do Imazon mostrou que o desmatamento na Amazônia na temporada 2020/2021 é o maior dos últimos dez anos e que, nos últimos 12 meses, a floresta perdeu uma área equivalente a nove vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.
Em agosto, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) deu entrada com uma denúncia no Tribunal Penal Internacional de Haia (TPI) contra Bolsonaro, acusando-o de cometer crimes contra a humanidade e genocídio por ter incentivado invasão de terras indígenas por garimpeiros.