Por RFI
Publicada em 04/11/2021 às 10h04
Apesar da alta taxa de vacinação, o diretor da OMS Europa, Hans Kluge, afirmou nesta quinta-feira (4) que o ritmo de propagação da Covid-19 nos 53 países da Europa é "muito preocupante". Segundo ele, se nada for feito para bloquear o avanço das contaminações cerca de um milhão e meio de pessoas podem morrer da doença até fevereiro.
Vários países europeus - entre eles a França e a Alemanha - além da maioria dos países do leste, registram aumentos diários de novos casos da doença e óbitos há cerca de um mês e meio. Em todo o continente, 250 mil contaminações e 3.600 mortos estão sendo contabilizados por dia. As hospitalizações mais do que dobraram em apenas uma semana, alertou a OMS.
A Rússia vive o pior cenário, com mais de 8.100 mortos nos últimos sete dias, seguida pela Ucrânia e a Romênia. Para a OMS, a nova onda de Covid-19 na Europa é resultado de diversos fatores: uma cobertura vacinal insuficiente e o relaxamento das medidas contra a doença. "A maior parte das pessoas hospitalizadas e que morrem da doença não estão totalmente vacinadas", ressaltou Kluge. Em média, segundo a organização, apenas 47% das pessoas da região, que inclui os países europeus e da Ásia central, receberam duas doses da vacina.
O diretor da OMS Europa faz um apelo para que a população continue usando máscaras corretamente e respeite outras medidas, como o distanciamento social, lavagem de mãos e aeração reforçada. Segundo Hans Kluge, se o uso das máscaras na Europa chegar a 95% será possível salvar até 188 mil vidas. Desde o início da epidemia cerca de 1,4 milhão de pessoas morreram no continente vítimas da doença.
Situação é preocupante na Alemanha
Uma das situações mais preocupantes é constatada na Alemanha. O país registrou, nesta quinta-feira (4), um recorde de casos diários desde o surgimento da pandemia de coronavírus no país. Um total de 33.949 contaminações foram registradas em 24 horas, de acordo com o instituto de vigilância sanitária Robert Koch. O recorde anterior foi alcançado em dezembro de 2020, quando o país registrou 33.777 novos casos. Ao todo, a Alemanha acumula mais de 4,6 milhões de casos desde o início da pandemia no país. Segundo o governo, a quarta onda afeta, principalmente, os não vacinados, apesar de quase 70% da população estar totalmente vacinada.
A chanceler Angela Merkel, em final de mandato, disse estar "muito preocupada" com esta evolução e "muito triste" com o elevado número de pessoas com mais de 60 anos não vacinadas. Ela também advertiu contra o retorno "de uma certa despreocupação", por parte dos alemães, em relação à Covid-19. O ministro da Saúde, Jens Spahn, pediu às autoridades de todas as regiões do país que endureçam as regras para os não vacinados, proibindo o acesso a determinados locais, ou encarecendo o valor do teste de PCR. Alguns, como a Saxônia e Baden-Wurttemberg, já adotaram novas medidas restritivas, ou devem anunciá-las em breve.
Na França, com o recuo da epidemia, as autoridades determinaram o fim do uso da máscara para alunos a partir de seis anos, em 39 regiões, em 14 de outubro.
Mas, com o aumento do número de casos no país, ainda que mais moderado se comparado à Alemanha, o uso da proteção facial voltará a ser obrigatório nas escolas onde a taxa de incidência ultrapassa os 50 casos para 100 mil habitantes - acima desse limite a epidemia é considerada fora de controle. Na França, a retomada epidêmica foi confirmada em 18 de outubro. Mais de 10 mil casos foram registrados nas últimas 24 horas no país.