Por Montezuma Cruz
Publicada em 25/11/2021 às 17h01
Mesmo diante da redução do estoque de sangue no atual período do ano, a Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Rondônia (Fhemeron) manifestou nesta quinta-feira (25), Dia Nacional do Doador, a importância de exemplo de solidariedade que salva vidas. O mês de novembro foi escolhido por preceder um período de estoques baixos nos bancos de sangue. Segundo o assistente social Dimarães Silva, a situação do Hemocentro no atual período do ano não se diferencia de outros no Brasil, sendo que o estoque está 30% abaixo da média normal.
A rotina de trabalho seria comum no banco de sangue oficial do Estado, se não fosse divulgado o novo calendário para doadores em Porto Velho e, melhor ainda, o conhecimento de servidores que também ofertam o seu sangue. “Este ano não pudemos festejar, mas neste momento queremos ser gratos aos anjos salva-vidas que aqui marcam presença”, disse Dimarães Silva.
Na celebração dos gestos daqueles que durante todo o ano ajudam a Fhemeron, o assistente social lembrou que a doação de sangue é uma atitude adotada por 1,7% dos brasileiros integrados à solidariedade. Contudo, a meta do Governo Federal é ampliar a conscientização para alcançar entre 3% e 5% da população doando sangue anualmente, o que é ideal, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
O sangue humano e seus componentes são insubstituíveis, não sendo possível a fabricação de substitutos eficientes para supri-los em caso de falta. Daí a importância da doação, pois é a única fonte deste elemento que pode salvar vidas.
Silva contabiliza novas doações, manifestando o desejo de que elas cresçam antes do Natal. Nesta semana, a Fhemeron viu reabilitadas antigas parcerias: a 17ª Brigada de Infantaria de Selva enviou 20 doadores ao Hemocentro, dos quais foram coletadas 20 bolsas. Nos dias 23 e 24, alunos de uma instituição de ensino superior de porto Velho doaram aproximadamente 60 bolsas e a próxima doação de mais alunos da mesma instituição está marcada para o próximo dia 11 de dezembro. Nesta sexta-feira (25), é novamente a vez de um grupo de soldados do 5º Batalhão de Engenharia de Construção (5ºBEC).
Cada bolsa possui 450 ml, e o equivalente a uma bolsa de sangue pode ajudar a salvar até quatro vidas. A Fhemeron conta com os demais voluntários, alguns, tradicionais, outros, mais recentes. Segundo Silva, há novas parcerias formalizadas com uma igreja evangélica, cujos fiéis voltarão a doar no próximo sábado (27).
“Quem doou anteriormente, no primeiro semestre, também pode voltar a fazê-lo”, anunciou Silva. Situações, por exemplo, de outras denominações religiosas que fizeram diversas doações orientadas pelos seus departamentos de beneficência.
No dia 4 de dezembro, alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Capitão Cláudio (Bairro Cidade do Lobo, zona Sul da Capital) vão ao Hemocentro.
ELAS TAMBÉM SÃO DOADORAS
Há 6 anos, a técnica de enfermagem Núbia Dav decidiu doar sangue A+. Nascida em Cerejeiras, a 797 quilômetros de Porto Velho, é filha dos migrantes Sônia Dav, nascida em Cascavel (PR), e Dilson Dav, de Cachoeirinha (SC), falecido há 20 anos.
“De quatro em quatro meses, eu sei que ajudo a amenizar a dor de muitas pessoas, além do que o servidor público tem direito a folgas, sempre que doa, e isso é uma mão lavando a outra”, disse Núbia, que trabalha na coleta.
Para os trabalhadores com carteira assinada, é garantido por lei um dia de folga por ano para aquele que doar sangue, sem desconto no salário. O mesmo vale para a doação de médula, que precisa de um cadastro prévio e análise para sua realização.
Haymary Souza Santana, técnica de enfermagem maranhense nascida em Barão de Grajaú, sentiu vontade de doar seu sangue O+ em 2020 desde o seu ingresso no setor de coleta. E segue firme no propósito de prosseguir. “Me sinto muito bem em ajudar pessoas”, ela comenta.
SAIBA MAIS
A proximidade das férias, de datas comemorativas de fim de ano, carnaval e outros períodos de feriados prolongados torna esse dia especialmente importante para promover o ato solidário e regular da doação de sangue, independente de se conhecer ou não pacientes que necessitam de transfusão.
A necessidade de sangue seguro é universal e essencial para tratamentos e intervenções urgentes e pode ajudar pacientes que sofrem de condições com risco de morte, além de apoiar procedimentos médicos e cirúrgicos complexos.
O sangue também é vital para o tratamento de feridos durante emergências de todos os tipos (desastres naturais, acidentes, conflitos armados etc.) e tem um papel essencial nos cuidados maternos e neonatais.
O acesso ao sangue seguro ainda é um privilégio de poucos. A maioria dos países de baixa e média rendas tem dificuldade para disponibilizar sangue seguro porque as doações são baixas e o equipamento para testagem é escasso.
No mundo, 42% do sangue é coletado em países de alta renda, que abrigam apenas 16% da população mundial.
O sangue é um composto de células que cumprem funções como levar oxigênio a cada parte do corpo humano, defender o organismo contra infecções e participar na coagulação. Não existe nada que o substitua. A quantidade retirada não afeta a saúde do doador porque a recuperação é imediatamente após a doação.
Uma pessoa adulta tem em média cinco litros de sangue e em uma doação são coletados no máximo 450 ml de sangue. Pré-requisitos para ser doador de sangue :
– Levar documento de identidade com foto e órgão expedidor;
– estar em boas condições de saúde;
– ter entre 16 a 69 anos de idade (de 16 a 17 anos com autorização do responsável legal);
– idade até 60 anos, se for a primeira doação;
– intervalo entre doações de sangue de 90 dias para mulheres e 60 dias para homens;
– pesar mais do que 50 kg;
– não estar em jejum;
– após o almoço ou jantar, aguardar pelo menos três horas;
– não ter feito uso de bebida alcoólica nas últimas 12 horas;
– não ter tido parto ou aborto há menos de três meses;
– não estar grávida ou amamentando;
– não ter feito tatuagem ou maquiagem definitiva há menos de 12 meses;
– não ter piercing em cavidade oral ou região genital;
– não ter feito endoscopia ou colonoscopia há menos de seis meses;
– não ter tido febre, infecção bacteriana ou gripe há menos de 15 dias;
– não ter fator de risco ou histórico de doenças infecciosas, transmissíveis por transfusão (hepatite após 11 anos, hepatite b ou c, doença de chagas, sífilis, aids, hiv, htlv i/ii);
– não ter visitado área endêmica de malária há menos de 1 ano;
– não ter tido malária;
– não ter diabetes em uso de insulina ou epilepsia em tratamento;
– não ter feito uso de medicamentos anti-inflamatórios há menos de três dias (se a doação for de plaquetas).
Fotos: Esio Mendes