Por RFI
Publicada em 11/11/2021 às 09h00
O Partido Comunista chinês (PCC), que comemora neste ano um século de existência, adotou nesta quinta-feira (11) uma resolução histórica, que consolida a influência do presidente chinês, Xi Jinping. O comitê central do partido está reunido desde segunda-feira (8) em uma sessão plenária com 400 dos principais dirigentes.
"O Partido e o povo lutaram durante um século, escrevendo a epopeia mais magnífica da história da nação chinesa em milênios", afirma a resolução adotada a portas fechadas pelos membros do Comitê Central do PCC. Desde a chegada ao poder de Xi Jinping no final de 2012, "o socialismo entrou em uma nova era", de acordo com um trecho do texto divulgado pela agência oficial de imprensa Chine Nouvelle.
O presidente Xi Jinping (de cinza), o ex-presidente Hu Jintao e outros líderes se reúnem acima do retrato gigante de Mao Zedong, na Praça Tiananmen (da Paz Celestial), durante o evento que marca o 100º aniversário de fundação do Partido Comunista chinês, em Pequim, em 1º de julho de 2021 — Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters
O "pensamento" do homem forte de Pequim é a "quintessência da cultura e da alma chinesas", reitera a resolução, que ressalta que a presença de Xi Jinping no centro do partido é de "importância decisiva" para promover o processo histórico de renovação da nação chinesa.
Analistas políticos consideram que a resolução, a terceira do tipo na história do partido, ajudará Xi a consolidar ainda mais seu poder, ao definir sua visão sobre a China antes do congresso do partido, no próximo ano. A plenária deste ano prepara o terreno para o encontro, que deve confirmar a permanência de Xi Jinping à frente do governo. Com três mandatos consecutivos, ele será o líder mais poderoso da China desde Mao Tsé-Tung.
Durante um século de existência, o Partido Comunista da China adotou apenas duas resoluções sobre sua história. A primeira, aprovada durante o governo de Mao em 1945, estabeleceu sua autoridade sobre o partido quatro anos antes da tomada de poder na China. Na segunda, durante o mandato de Deng Xiaoping em 1981, o regime adotou reformas econômicas e reconheceu os "erros" da era Mao.
Culto à própria liderança
Ao adotar um terceiro texto, Xi segue os passos dos dois antecessores para iniciar uma nova era no país. O período de Xi é marcado pela guerra contra a corrupção, políticas repressivas nas regiões de Xingjiang, Tibete e Hong Kong, e uma outra abordagem nas relações internacionais.
O chefe de Estado chinês também criou um culto a sua liderança que impede críticas, erradica seus rivais e introduziu sua própria teoria política, conhecida como 'O Pensamento de Xi Jinping', a estudantes.
A reunião plenária coincide com uma intensa atividade diplomática. Pequim e Washington anunciaram um inesperado acordo climático na COP26 de Glasgow, no que pareceu aliviar as tensões entre as duas potências, e uma reunião entre Xi Jinping e o presidente americano Joe Biden por videoconferência deve acontecer em breve. Mas o presidente chinês advertiu, ao mesmo tempo, para o retorno de tensões da época da Guerra Fria na região Ásia-Pacífico.
"As tentativas de traçar barreiras ideológicas ou formar pequenos círculos com base na geopolítica estão condenados ao fracasso", disse em uma conferência empresarial virtual paralela à reunião de cúpula do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) organizada pela Nova Zelândia.