Por Professor Nazareno
Publicada em 15/11/2021 às 08h15
Professor Nazareno*
Eu já disse para que ela não entrasse na sórdida política dos brancos. Mas se quiser entrar, terá muito mais coisas a apresentar aos seus eleitores do que todos os candidatos concorrentes juntos. Txai Suruí, a jovem e encantadora indígena nascida em Rondônia, elevou o nome de seu povo, os paiter-suruí de Cacoal, ao grau máximo que uma comunidade pode ter: discursou em inglês para quase 200 chefes de Estado na COP26, a conferência do clima da ONU em Glasgow na Escócia e foi aplaudida de pé por todo o mundo civilizado e desenvolvido. Para desespero dos reacionários e bolsonaristas, a jovem índia “botou no bolso” de uma só tacada o presidente do Brasil, o governador de Rondônia e os prefeitos de Cacoal e de Porto Velho. Ameaçada de morte, xingada, agredida, destratada e enxovalhada na internet ela, sensata, “deu de ombros”.
Nunca, em momento algum da história da humanidade, o desconhecido nome de Rondônia e também do povo suruí chegou tão alto como agora com esta jovem e bela indígena. Hildon Chaves, por exemplo, o atual prefeito de Porto Velho, tem o costume de andar o mundo inteiro. Porém, nunca levou nem elevou o nome de Porto Velho para nenhum lugar aonde viajou. Hong Kong, Miami, Barcelona e inúmeras outras cidades do mundo jamais ouviram uma só palavra do alcaide porto-velhense. Suas andanças sequer serviram para nos trazer experiências de lugares mais civilizados. Nem sei se o “viajado” Dr. Hildon consegue se expressar em inglês, como fez a reluzente indígena de Cacoal. Qual a autoridade de Rondônia que tem a importância de ser convidada para discursar para líderes mundiais numa conferência das Nações Unidas? Nenhuma delas.
E que importância têm para o mundo essas mesmas autoridades rondonienses? Todas são iguais ao apagado e desconhecido governador do Estado, o bolsonarista coronel Marcos Rocha. Aliás, Rocha estava também com toda sua comitiva na citada conferência, mas parece que foi solenemente ignorado, ao contrário de Txai Suruí e de suas sábias palavras. Será que se a jovem índia fosse prefeita de Porto Velho, a cidade estaria na triste situação em que se encontra? Além de não ter água tratada, saneamento básico, arborização e esgotos, a capital de Rondônia é o centro do desmatamento e das queimadas na região amazônica em todo verão. Tudo ao contrário do que prega Txai Suruí em seu discurso e ações. Defender seu povo, seus ancestrais, as florestas, as árvores, os animais e a natureza faz parte da vida desta jovem já reconhecida no mundo.
Se ela está a anos-luz em importância à frente dos políticos tradicionais de Rondônia, de Porto Velho e de Cacoal, nem é bom comparar Wailela Txai Suruí com Jair Bolsonaro, o apagado, desconhecido, odiado e inútil presidente do Brasil. Muito diferente da indígena, o presidente dos brasileiros é uma espécie de aborto da natureza que para nada serve a não ser incentivar o desmatamento, envenenar a terra com agrotóxicos, perseguir e ameaçar os povos indígenas e manchar cada vez mais o nome do Brasil no exterior. Mas tomara que a bela índia não entre na política para aprender a mentir e pedir votos em troca de nada como fazem os nossos representantes. Sendo governadora de Rondônia, será que ela deixaria o seu povo morrer à míngua como está acontecendo com os pobres e miseráveis que vão para o hospital João Paulo II de Porto Velho? Destruir a floresta e devastar o meio ambiente não estão no seu rico vocabulário.
*Foi professor em Porto Velho