Publicada em 31/12/2021 às 10h26
Porto Velho, RO – O jornal eletrônico Rondônia Dinâmica respeita a pluralidade de opiniões e o direito de os profissionais de imprensa excursionarem otimismo nesta reta final de ano, incluindo todos – sem exceção –, os seus colaboradores.
Entretanto, a despeito de haver, sim, necesidade de empunhar bandeiras esperançosas desejando às pessoas paz, tranquilidade, sucesso e, mais do que tudo isso e especialmente, saúde, a verdade está aí para contrastar.
Ao final do segundo ano da pandemia de Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2), o Brasil registrou 619 mil mortes; já o Estado lado outro, no boletim do dia 30 de dezembro, sacramentou 6.733 óbitos. No mesmo período ano passado, 1.817 cidadãos e cidadãs rondonienses haviam morrido por causa do vírus.
Em suma, quase cinco mil foram à lona nestes 365 dias exclusivamente pelas consequências desastrosas trazidas pela COVID-19.
Dentre essa gente toda, que deixou família, pais, mães, filhos, filhas, tias, tios, amigos e daí por diante, estão muitos colegas de profissão, jornalistas, batalhadores.
Adão Gomes; Odair Calado; Lima Neto; Marcelo Bennesby; Luiz Alves Pereira Júnior; Gessi Taborda; Chagas Pereira; Paulo Benito; Cléo Subtil; Yodon Guedes; Adilson Santos; Francisco Matias; Sílvio Santos, o Zé Katraca; e Anísio Gorayeb.
A maioria se foi por causa da pandemia, alguns não, porém, é necessário registrar: todos merecem, sem sombra de dúvidas, as mais nobres lembranças e condolências.
Agora, 2021 teve mais – muitos assassinatos; acidentes de trânsito com mortes; fugas, facções mandando em conjuntos habitacionais; e tiroteio no campo. E ainda na área da saúde, o surgimento de uma nova cepa da Influenza A, a H3N2, que também já levou à morte.
Voltando ao Coronavírus.
Essa tragédia que se abateu sobre o mundo, numa visão mais micro, expôs também o lado ruim da política regional, como quando, por exemplo, o senador da República Marcos Rogério, do DEM, que irá rumar para o PL, atuou na CPI da Pandemia como advogado do governo federal.
Rogério é o personagem favorito dos negacionistas, que, por sua vez, saíram da toca. Para eles, como há quem os represente politicamente, agora é seguro sair por aí falando sobre terra plana, negando eficácia de vacina, atentando diariamente contra as instituições democráticas e etc.
No mínimo lamentável.
Nacionalmente falando, Rondônia ganhou as manchetes com uma cidadã que morreu tentando fazer a travessia ilegal para os Estados Unidos (EUA); outra, num caso mais recente, foi estuprada por coiotes, e a família tenta custear seu tratamento e trazê-la de volta com uma campanha de arrecadação online.
Esse desespero em querer sair do País de qualquer jeito é sintomático. Cada um tem seus motivos íntimos, particulares, mas o coletivo tem o condão de explicar muita coisa – no caso, ao menos justificar essa ânsia pelo escape.
Gasolina mais de R$ 7; valores em alimentação exorbitantes; inflação galopante; pessoas na fila do osso; e o Brasil com a 4ª maior taxa de desemprego do mundo – isto num ranking com quarenta e quatro países.
É desolador.
Então, sim, é preciso ter esperança. É preciso pensar no melhor. Mas ignorar os fatos não é comportamento de quem deseja viver dias melhores.
A verdade está aí. E é preciso lidar com ela a fim de que a sociedade experimente evolução, progresso, compreendendo, de uma vez por todas, que a responsabilidade tem de ser chamada para si.
O denominado ano que vem, vulgo 2022, é período de eleição. E eleição é a oportunidade de dar a guinada desejada, desde que haja consciência a respeito das escolhas.
O jornal Rondônia Dinâmica deseja a todos os seus leitores um próspero Ano-Novo.
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*Este texto é veiculado em memória das quase 7 mil vítimas da COVID-19 em Rondônia.