Publicada em 15/12/2021 às 15h36
A polícia alemã realizou operações de busca e confiscou armas nesta quarta-feira (15) durante uma operação na Saxônia, em resposta a ameaças de morte de grupos antivacina contra um líder regional que apoia as medidas contra a pandemia.
O novo chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, disse que seu país vai implementar uma luta implacável contra "uma minoria de extremistas" antivacinas.
Apoiada pelas forças especiais de intervenção, a polícia da Saxônia (leste) executou operações hoje em Dresden e em Heidnau, depois das ameaças de morte, em especial contra o ministro-presidente regional, Michael Kretschemer.
A Alemanha tem um forte movimento de oposição às restrições desde o início da pandemia.
O movimento está particularmente presente na Saxônia, "Land" que integrava a ex-Alemanha Oriental, uma das regiões mais afetadas pela atual onda de contágios de covid-19 e que tem uma taxa de vacinação inferior à média nacional.
A operação policial se seguiu à infiltração de jornalistas do canal público ZDF em um grupo antivacinas do aplicativo Telegram.
Tem como alvo cinco homens e uma mulher "suspeitos de prepararem um ato de violência grave e planos de assassinatos" contra Michael Kretschmer (CDU, conservador) e contra outros líderes regionais, segundo um comunicado da polícia.
Armas foram apreendidas, mas a polícia não especificou se houve alguma prisão.
- "Negação da realidade" -
"O que existe na Alemanha atualmente é a negação da realidade, as histórias de conspiração absurdas, a desinformação deliberada e o extremismo violento", lamentou o chefe de Governo diante do Parlamento, antes de prometer uma resposta "utilizando todos os recursos do nosso Estado de direito democrático".
Em 8 de dezembro, a Justiça alemã abriu uma investigação após a exibição de uma reportagem na televisão que revelou o conteúdo das mensagens deste grupo do Telegram com uma centena de membros.
De acordo com o Ministério Público, os integrantes deste aplicativo de mensagens se dizem "unidos por sua oposição à vacina, ao Estado e à política de saúde atual".
As mensagens de áudio defendiam a oposição - "com armas, se necessário" - às medidas em vigor e citavam os líderes políticos, em particular Kretschmer.
Vários políticos, jornalistas e instituições receberam cartas de ameaças, devido a um projeto de vacinação obrigatória, revelou a polícia de Berlim nesta quarta-feira.
Várias cartas estavam acompanhadas de pedaços de carne cobertos por papel alumínio e com a menção de que estavam "contaminados pelo vírus covid-19 e Zyklon B", o gás usado pelos nazistas para exterminar judeus.
Análises posteriores concluíram que a carne não apresentava risco algum.
"Sejamos claros: uma pequena minoria em nosso país se afastou da nossa sociedade, da nossa democracia, da nossa comunidade e do nosso Estado, e não apenas da ciência, da racionalidade e da razão", descreveu o social-democrata Scholz, que há uma semana sucedeu à conservadora Angela Merkel no cargo de chanceler.
Scholz afirmou que a Alemanha "não permitirá que uma pequena minoria de extremistas tente impor sua vontade ao conjunto da sociedade".
- 15.000 opositores violentos -
No início do mês, os opositores às restrições anticovid protestaram diante da casa do ministro da Saúde da Saxônia, o que provocou a indignação dos políticos.
Diante do avanço da quarta onda da pandemia, o governo alemão decidiu reforçar as restrições para as pessoas não vacinada. Agora, elas estão sem acesso à maioria dos locais públicos, restaurantes e estabelecimentos comerciais não essenciais.
Uma vacinação obrigatória também poderia ser votada nas próximas semanas.
O número de opositores às medidas sanitárias que estariam dispostos a recorrer à violência na Alemanha seria de 15.000 a 20.000, afirmou em uma entrevista ao jornal Bild o especialista do Partido Social-Democrata para questões de segurança, Sebastian Fiedler.

imprimir
