Publicada em 23/12/2021 às 09h26
O ex-presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, um feroz opositor da guinada autoritária do atual homem forte do país, Kais Saied, foi condenado 'in absentia' a quatro anos de prisão, informou nesta quarta-feira (22) uma fonte judicial.
A fonte, no entanto, não foi capaz de detalhar as acusações que pesam sobre Marzouki.
Contatada pela AFP, a advogada do ex-presidente, Lamia Khemiri, afirmou que seu cliente não tinha recebido nenhuma citação do tribunal e que não sabia dizer por que ele foi condenado.
Segundo a imprensa local, Marzouki foi reconhecido como culpado de "atentado contra a segurança do Estado a partir do exterior" e de ter causado "prejuízo diplomático" ao país.
Membro histórico da oposição ao ditador Ben Ali, e primeiro presidente do período pós-revolucionário (2011-2014), Marzouki, de 76 anos, foi um símbolo da luta pela democracia na Tunísia, mas sua imagem acabou prejudicada após realizar uma aliança com um partido de inspiração islâmica, o Ennahdha.
Durante uma manifestação no início de outubro em Paris, o líder opositor, que reside na capital francesa, pediu ao governo de Emmanuel Macron que "não apoiasse" o atual presidente Saied, "que conspirou contra a revolução e aboliu a constituição".
Após meses de bloqueio político e em plena crise econômica e de saúde, Saied invocou em 25 de julho o que chamou de "perigo iminente" e deu um autogolpe, destituindo o primeiro-ministro, suspendendo as atividades do Parlamento e assumindo o controle do Poder Judiciário.
Desde então, Marzouki não deixou de pedir na televisão e nas redes sociais a destituição de Saied, a quem acusa de "golpista" e "ditador".