Publicada em 21/12/2021 às 15h26
As autoridades filipinas imploram por ajuda, enquanto moradores começam a mendigar por comida e água potável à beira das estradas. O tufão Rai devastou regiões inteiras do país, deixando 375 mortos e 400 mil desabrigados entre quinta-feira (16) e domingo (19).
Arthur Yap, governador da ilha de Bohol, um dos locais mais castigados pelo fenômeno, fez um apelo nesta terça-feira (21). Neste local turístico, para onde muitos filipinos haviam viajado para passar as festas de fim de ano, o tufão Rai deixou quase 100 mortos.
O governador espera que o presidente do arquipélago, Rodrigo Duterte, possa em breve visitar a ilha de Bohol. Yap também espera que o governo envie dinheiro para a compra de água potável e alimentos.
"Se você não vai enviar dinheiro para comida, envie soldados e policiais porque vão acontecer saques aqui", declarou em uma entrevista à rádio DZBB.
Diante da destruição causada pelo fenômeno, comparado ao tufão Haiyan, em 2013 - considerado o mais poderoso a ter atingido as Filipinas - a Cruz Vermelha também fez um apelo por doações. O objetivo é recolher US$ 22 milhões para ajudas emergenciais e reconstrução dos locais devastados.
Alguns países já responderam aos pedidos. É o caso do Reino Unido, que se comprometeu a enviar 1 milhão de libras às Filipinas, enquanto o Canadá deve repassar o equivalente a US$ 2 milhões ao governo.
Devastação "absoluta"
No centro e sul do país, o cenário é de destruição: com ventos de até 195 km/h, casas desabaram, árvores foram arrancadas e o fornecimento de energia elétrica está cortado em várias ilhas. A ONU classificou a situação nas áreas mais afetadas como "devastação absoluta". Mais de 400 mil pessoas perderam suas casas, informou a agência nacional de gestão de desastres.
Milhares de militares, policiais e agentes da guarda costeira foram mobilizados para entregar comida, água potável e suprimentos médicos aos sobreviventes, que sofrem para encontrar produtos básicos. Máquinas pesadas, incluindo retroescavadeiras, também foram enviadas para limpar as estradas.
"Ordenei [ao exército] que mobilize todos os recursos disponíveis - navios, barcos, aviões, caminhões - para entregar os produtos às regiões afetadas", disse o secretário filipino da Defesa, Delfin Lorenzana.
Além de Bohol, as ilhas de Siargao, Dinagat e Mindanao também foram muito afetadas. Na ilha vizinha de Negros, Carl Arapoc, de 23 anos, declarou que sua cidade inteira está sem energia elétrica e que sua família está utilizando madeira para cozinhar. Em Palawan, agricultores e pescadores perderam seus meios de subsistência.
Mudanças climáticas
O Rai atingiu as Filipinas de forma tardia - a temporada de tufões geralmente acontece de julho a outubro. Os cientistas alertam que as tempestades são cada vez mais potentes e ganham força de maneira mais rápida devido ao aquecimento global provocado pela mudança climática.
Considerado um dos países mais vulneráveis ao fenômeno, as autoridades filipinas registram a passagem de quase 20 tufões a cada ano. Em 2013, o tufão Haiyan deixou mais de 7.300 pessoas mortas ou desaparecidas, o fenômeno mais violento já registrado neste arquipélago do sudeste asiático.