Publicada em 29/12/2021 às 11h13
Porto Velho, RO – Em 2018, quando Jair Bolsonaro saiu candidato à Presidência da República pelo PSL sagrou-se vencedor logo de cara.
No rastro da sua onda, acabou elegendo diversos agregados que participaram do pleito recorrendo às suas credenciais.
Em suma, para boa parte do eleitorado, bastava anunciar-se bolsonarista. Isto, por si, potencialmente garantia a vitória.
Ocorreu regionalmente com Marcos Rocha, governador pré-candidato à reeleição; Eyder Brasil, deputado estadual; e Coronel Chrisóstomo, parlamentar federal.
Naquela época, também na sombra do morador do Alvorada, o pecuarista Jaime Bagattoli chegou à marca dos 212.077 e por pouco não tirou o veterano Confúcio Moura, do MDB, da cadeira no Senado Federal.
Havia uma força não-testada, que está prestes a encerrar um ciclo de quatro anos no Poder. Essa vertente política, na ponta à direita da polarização pátria, será testada ano que vem: e isto vale para todos os seus dependentes.
Um exemplo de que somente tentar puxar a identidade do mandatário do Planalto como guarda-sol não pode ser suficiente pôde ser observado em 2020.
Numa aventura tanto quanto pretensiosa, apesar de justa, Eyder Brasil deu a cara a tapa... e foi estapeado, a despeito de a campanha ter desembolsado mais de um milhão de reais para tentar elegê-lo prefeito da Capital.
No enfrentamento com 15 postulantes a chefe do Executivo municipal em Porto Velho, ficou em 9º, largando a contenda ainda no primeiro turno, perfazendo apenas 5,6 mil votos.
Isso não significa, automaticamente, que seja carta fora do baralho para o ano que vem. Nem ele nem qualquer outro adversário.
Porém, serve como indicativo para dizer que as coisas não serão mais tão fáceis, que aquela simbiose com o bolsonarismo, por si, não garantirá o futuro de quem quer que seja na vida pública.
E é preciso levar em conta que a audiência que os levaram ao pódio está com o nariz torcido quando o assunto são adeptos do presidente, vez que há dissidentes no navio, a exemplo da deputada Joice Hasselmann, do parlamentar Alexandre Frota, do falecido Major Olímpio, e até do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, o ex-juiz Sérgio Moro, hoje pré-candidato à sucessão, visto como terceira via.
Todos esses – e outros tantos –, são “traidores” na cabeça de quem segue Messias com fé inabalável.
Então, voltando à pergunta-título desta opinião, ou seja, “Rondônia terá outra onda Bolsonaro nas eleições de 2022?”, este jornal crê na obviadade: provavelmente não.
Ou pelo menos não da maneira como ocorreu no passado recente. O apoio ao presidente ainda é fervoroso nestas paragens do poente, mas aquela compra casada, do jeito que aconteceu em 2018, certamente não se repetirá com a mesma veemência.
Portanto, será eleito quem tiver identidade, trabalho prestado, realizações, coisas para mostrar na prática. Os papagaios, lado outro, devem ficar pelo caminho.