Publicada em 29/01/2022 às 09h48
Porto Velho, RO – Às vezes algumas figuras públicas relacionadas à política precisam de um hiato, um tempo para reflexão, possível reciclagem de ações e pensamentos.
Esse período de recesso muitas vezes é imposto a contragosto, quando, por exemplo, determinados arquétipos do poder disputam reeleições e terminam na lona, contrariando suas mais pessimistas projeções. Afinal, pessoas em ofícios representativos não pensam na hipótese de perder.
Porém, como visto na prática, perdem.
Do mel no topo outrora, agora no chão experimentam o fel. E se tornam, como eleitores comuns, meros espectadores dos acontecimentos pátrios a despeito da vontade de voltar.
As eleições de 2022 serão uma oportunidade única para alguns caciques regionais, como, por exemplo, o ex-governador e ex-senador Valdir Raupp.
Raupp, durante muito tempo, transformou-se num figurão influente no Brasil em decorrência de seus relacionamentos em Brasília. Com a imagem desgastada, foi destronado quando, de novo, insistiu na reeleição. A mesma coisa ocorreu com sua esposa, Marinha, que chegou a ser recordista de votos numa única eleição a deputada federal.
A decorrocada do casal veio à tona numa época de transição de pensamento da sociedade, quando, em muitos eixos de escolha, não havia nada plausível fora das possibilidades encrustadas nas opçõe polarizadas.
Passado esse período e inoculada uma injeção de ânimo, Valdir pode voltar; Marinha, por ora, avalia a distância a possibilidade também, mas nada sacramentado.
Amir Lando, o ex-senador conhecido por relatar o histórico impeachment de Collor, já tentou muitas vezes, sem sucesso, retornar ao Senado Federal. E não desistiu. O emedebista quer porque quer sentir o sabor do Poder de novo e não economizará na utilização das ferramentas necessárias para tal.
O mesmo vale para o papagaio-de-pirata Lindomar Gaçon, que, em suas últimas incursões em cargos oficiais, levou muito a sério o adágio “falem mal, mas falem de mim”. Pensou, de maneira equivocada, que seria melhor brincar de aparecer e ser falado a realizar, representar, enfim, fazer o que em tese deve fazer um deputado federal.
Também foi à bancarrota no último pleito e quer voltar. Seu sumiço na mídia e redes sociais diz muito sobre o que aprendeu nesse período em stand-by. Terá aprendido alguma lição?
Já Natan Donadon, de Vilhena, e Ernandes Amorim, de Ariquemes, foram, respectivamente como deputado federal e senador da República, muito poderosos e influentes num passado já distante.
Depois disso, também tiveram de lidar com a frustração dos reveses, especialmente porque ambas as figuras possuem clãs políticos onde ramificações de suas árvores genealógicas também brigam costumeiramente pelo Poder.
Eles estão no páreo de novo, ora disputando com figuras há pouco neófitas, mas já testadas em cargos oficiais, além de rostos inéditos.
Terão espaço? As pessoas devem confiar neles?
Em suma, os rondonienses terão um menu vasto de possibilidades para que possa escolher e eleger aqueles considerados mais capazes para as funções.
Caciques, raposões, estreantes, gente nova, neófitos, etc, o leque é vasto. E agora, com essa ruma de gente que saiu e quer voltar, a contenda se desenha cada vez mais competitiva.