Publicada em 26/01/2022 às 11h12
Porto Velho, RO – O ex-governador de Rondônia Confúcio Moura, do MDB, volta ao Senado Federal para ocupar a titularidade do cargo na Câmara Alta em Brasília após quatro meses de licença.
Neste período, diga-se de passagem, tornou-se uma figura política muito mais aguerrida, menos temerosa, com inciativa em seus escritos, por vezes até fugindo da retórica genérica contumaz em suas veiculações no blog homônimo.
Também, lado outro, não deixou de excursionar as bobagens de praxe, como quando no passado mais distante, por exemplo, defendeu a construção de uma máquina do tempo ou na oportunidade em que recomendou o pilão como artefato medicinal capaz de substituir a importância das farmácias na sociedade.
Exemplos dos dois polos de seu comportamento durante a fase stand-by pululam na Internet.
De fato, o Confúcio blogueiro transparece muito mais combatividade em termos de exposição de ideias se comparado ao de terno, o congressista, que, quando vai à Tribuna em Brasília, soa saudosista demais, enfadonho e por vezes até cansado.
Neste interim entre a pausa e o retorno, vociferou contra o governo Jair Bolsonaro; defendeu vacinas para o Coronavírus (COVID-19) sem receio dos negacionistas, inclusive em crianças; zoou Ivo Cassol nas entrelinhas pela patacoada da faísca de solda; defendeu o setor cultural; declarou apoio a Simone Tebet à Presidência da República; abordou impactos do aquecimento global, enfim, saiu de cima do muro. Deu nome aos bois. Não foi o Confúcio de costume.
Já no campo do besteirol, reclamou por ter uma “aposentadoria tão baixa”; escreveu um texto “homenageando” Jerônimo Santana alegando não saber como este não foi preso; e avançou na direção dos sindicatos em relação à destinação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB). Nada que se compare às histórias da máquina do tempo ou do pilão, porém, ainda assim, uma ruma de bobajada.
Já sua suplente, Maria Eliza, infelizmente perdeu uma ótima oportunidade para dizer a que veio. Não defendeu uma pauta de maneira voraz; praticamente escondeu-se publicamente, com postagens rasas em redes sociais; fez alguns pronunciamentos insípidos, tal qual sua atuação legislativa, e, ao chegar a termo seu prazo de validade, expirou. Apagou-se. Um nome ligado à educação privada, com vastas possibilidades, não soube usar o bastão pelo coletivo. Não se sabe o que defende. Não se sabe o que abomina. Não fez enfrentamento.
Resumidamente, um período triste, melancólico de um vazio político num período que grita por representatividade.
Saindo da linha lateral para voltar ao campo, Confúcio deveria assumir ao menos 60% desse personagem rascunhado durante o recesso. Nutrir a coragem necessária para defender aquilo em que acredita, contra tudo e contra todos, esquecer a filosofia vã, as poesias desconexas, o lado artístico reprimido.
Se o fizer, certamente terá mais consideração de adeptos e adversários do que caso regresse à postura inócua de sempre, especialmente porquanto seu mandato perdurará até 2026.
E, óbvio, se pretender brigar para assumir as rédeas do Palácio Rio Madeira após as eleições deste ano, ainda mais.