Publicada em 21/01/2022 às 15h21
Os extremistas islâmicos mataram dois homens e sequestraram 20 crianças no estado de Borno, epicentro de uma insurgência islâmica na Nigéria, informaram um líder comunitário e residentes nesta sexta-feira (21).
Os extremistas do grupo Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP, nas siglas em inglês) invadiram na quinta-feira a aldeia de Piyemi, matando dois homens adultos e sequestrando 13 meninas e sete meninos, segundo as fontes.
O ataque de quinta-feira ocorreu perto da cidade de Chibok, onde há oito anos os extremistas do Boko Haram sequestraram mais de 200 estudantes em um ataque que gerou condenação internacional.
Os membros do ISWAP, vestidos com uniformes militares, começaram a atirar e saquear os comércios da cidade e a incendiar as casas, segundo os moradores.
"Mataram a tiros dois homens e levaram 13 meninas e sete meninos de entre 12 e 15 anos", disse à AFP por telefone Samson Bulus, um dos habitantes.
Os extremistas colocaram as "20 crianças sequestradas na aldeia em um caminhão e as levaram para a floresta" de Sambisa, perto dali, contou outro dos habitantes, Silas John.
- Igreja incendiada -
Até o momento, a AFP não conseguiu contatar as autoridades militares para comentar o ataque, mas um funcionário do governo local de Chibok confirmou os fatos, sem mais detalhes.
"Esse ataque foi o terceiro nos últimos dias e evidencia os riscos que as cidades dos arredores de Chibok correm em relação aos extremistas", declarou Ayuba Alamson, um líder dessa cidade.
Os moradores voltaram na sexta-feira para a aldeia de Piyemi após passarem a noite no monte para escapar dos atacantes.
Os extremistas queimaram uma igreja, segundo um habitante, que pediu anonimato.
O ISWAP, que nasceu em 2016, é uma divisão do Boko Haram e é reconhecido pelo grupo Estado Islâmico.
Consolidou seu controle nessa região desde a morte do chefe do Boko Haram em maio, Abubakar Shekau, em confrontos entre os dois grupos rivais.
Desde que começou a rebelião do grupo islâmico radical Boko Haram em 2009, no nordeste da Nigéria, o conflito deixa quase 36.000 mortos e dois milhões de deslocados.
Os sequestros em massa, com pedido de resgate, no norte e centro da Nigéria, estampam os jornais praticamente toda semana no país mais populoso da África, sejam cometidos por islâmicos ou por outros criminosos.
Cerca de 1.500 estudantes foram sequestrados em 2021, no marco de 20 sequestros em massa no noroeste do país, que custaram a vida de 16 crianças e adolescentes, segundo a Unicef.
A maioria deles foi libertada após negociações e o suposto pagamento de resgates.