Publicada em 19/01/2022 às 15h07
Mais de 360 milhões de cristãos sofreram "forte perseguição ou discriminação" por causa de sua fé no mundo em 2021, em particular no Afeganistão, de acordo com um estudo da ONG francesa Portas Abertas, publicado nesta quarta-feira (19).
"A perseguição atingiu níveis recordes, em um contexto de crise sanitária mundial, chegada ao poder dos talibãs no Afeganistão e o horror para os cristãos vítimas dos extremistas islâmicos na África subsaariana", disse Patrick Victor, diretor da ONG para França e Bélgica, em uma coletiva de imprensa nesta quarta.
Essa ONG protestante publica todo ano seu "índice mundial" de perseguição de cristãos, desde a "discreta opressão diária" até a "violência mais extrema".
Entre 1º de outubro de 2020 e 30 de setembro de 2021, a discriminação e a perseguição afetaram “mais de 360 milhões de cristãos”, incluindo católicos, ortodoxos, protestantes, batistas, evangélicos e neopentecostais, etc, de 76 países.
Isso representa um aumento em relação aos 340 milhões de pessoas dessa religião que foram afetadas no período anterior, destaca o relatório.
Em 2021, 5.898 cristãos foram assassinados, um aumento de 24% em relação ao ano anterior (4.761 casos). Segundo o relatório, "oito em cada dez morreram na Nigéria".
Por outro lado, o número total de igrejas invadidas, destruídas ou que tiveram que fechar foi de 5.110 no ano passado, em comparação com 4.488 no ano anterior.
A China sozinha contribui para 59% dos fechamentos. Este país "está agora estendendo discretamente esse seu trabalho utilizando a crise sanitária (...). A manobra é simples (...): as igrejas fecham por conta dos confinamentos, enquanto as autoridades aproveitam para declarar oficialmente (seu) fechamento", segundo a ONG.
A Portas Abertas também observa "um aumento de 44% no número de cristãos detidos por causa de sua fé", com 4.277 casos registrados em 2020, 6.175 casos em 2021.
O Afeganistão é o país mais perigoso para os cristãos, seguido pela Coreia do Norte, Somália, Líbia, Iêmen, Eritreia e Nigéria.
Com a ascensão do Talibã ao poder, a perseguição religiosa no Afeganistão "assumiu uma nova dimensão", diz a ONG.
"Os talibãs apreenderam documentos que permitem que alguns convertidos ao cristianismo sejam identificados. Eles os procuram ativamente. Homens que se convertem são executados imediatamente, mulheres ou meninas estupradas ou casadas à força com jovens talibãs", declarou Guillaume Guennec, outro responsável pelo Portas Abertas.
Difícil saber "quantos foram mortos, embora não tenha comparação com anos anteriores", explicou Guennec.