Publicada em 20/01/2022 às 14h38
Desde o passado mês de agosto, altura em que os talibãs invadiram a capital afegã de Cabul e tomaram o poder, a vida dos residentes no país tem sofrido grandes alterações. Principalmente para as mulheres, que têm sido privadas de diversos direitos, muitos deles relacionados com o trabalho. Porém, a situação económica menos favorável vivida atualmente no país também está a impactar essa dimensão das suas vidas.
Uma pequena empresa de alfaiataria em Cabul liderada pela empresária Sohaila Noori viu a sua força de trabalho reduzir-se de 80 pessoas (maioritariamente mulheres) para 30, em apenas alguns meses.
"No passado, tínhamos tanto trabalho a fazer", contou a empresária à Reuters. "Tínhamos diferentes tipos de contratos, podíamos facilmente pagar um salário aos nossos mestres alfaiates e a outros trabalhadores, mas atualmente não temos contratos", acrescenta.
De acordo com um relatório divulgado recentemente pela Organização Internacional do Trabalho, os níveis de emprego das mulheres afegãs caíram cerca de 16% no terceiro trimestre de 2021. Porém, a atual realidade afegã também está a penalizar o emprego dos indivíduos do sexo masculino, cujos níveis de emprego desceram 6% no mesmo período.
Já Saleha, uma olha trabalhadora afegã, é atualmente a única responsável pelo sustento da família. "O meu rendimento mensal é de cerca de 1.000 afeganes (10 dólares), e sou a única pessoa a trabalhar na minha família... Infelizmente, desde que os talibãs chegaram ao poder, não há (praticamente) nenhum rendimento", conta à Reuters.
Lembre-se que milhares de milhões de dólares em ajuda e em reservas foram cortados desde a invasão talibã ao Afeganistão, o que veio densificar a crise económica vivida no país.