Publicada em 21/01/2022 às 08h50
Porto Velho, RO – O empresário e pecuarista Bruno Scheid, do PL, anunciou no decorrer da semana que o ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro Ricardo Salles, praticamente um “defunto político” após ter seu nome envolvido numa operação da Polícia Federal (PF) em maio do ano passado, encontrou em Rondônia sua “tábua de salvação” na vida pública.
Defenestrado do governo federal, já que sequer o mandatário do Planalto resolveu bancá-lo, Salles, sem ter muito o que fazer, tornou-se espécie de comentarista no que restou daquilo que um dia já foi uma grande emissora de rádio no país, hoje funcionando como sucursal dos interesses da União.
Lá, pode excursionar insanidades intelectuais, como quando, por exemplo, denominou o ex-juiz federal e ex-colega de gestão Sérgio Moro como representante de esquerda.
Apegado ao último suspiro veemente do fanatismo verde e amarelo, dos autoproclamados cidadãos de bem e pseudopatriotas, quer ser senador da República.
Mas não por São Paulo onde nasceu, claro. Ele quer mesmo é meter o bedelho no lugar em que acredita ter maiores chances, em que reverbera, de maneira ainda acentuada, o apoio irrestrito a Messias.
Isto, independentemente de realizações, do mundo prático e dos fatos.
Ricardo Salles compreende muito bem que sua eventual eleição depende de uma região em que parte massiva de sua população ainda considere só a retórica, o discurso político, a ideologia, enfim, o papo furado.
Ele é esperto.
Vê muito dessas chances no passado, quando, em 2018, os rondonienses foram levados pela onda Bolsonaro elegendo governador, deputados e quase botando um de seus adeptos em uma das cadeiras no Senado Federal.
É preciso lamentar, com certo afinco, como gente poderosa enxerga o estado; do alto de sua arrogância, vê Rondônia como purgatório de fracassados onde se mantêm em stand-by aguardando as possíveis glórias de uma eleição pomposa, ou, na outra ponta, o fosso do esquecimento público, de onde não sairão.
Acontece que há uma chance. E a chance pode levar o ex-membro do governo federal à redenção.
O que não é levado em conta é justamente a questão de quase quatro anos terem se passado. E por mais vontade que exista em se apegar a um político somente por aquilo que diz defender, o mundo real, palpável, é atroz.
A inflação, o preço dos combustíveis, a fome, o desemprego e todos os outros perrengues vivenciados dia após dia pelos brasileiros certamente pesarão na hora das decisões.
E até mesmo os rondonienses mais animados com essa ala específica da política pensarão três ou quatro vezes mais na hora de considerar uma nulidade como eventual representante de seus interesses.
Um aventureiro que não deu certo. Outro, aliás. E querendo guarida às suas custas. Certamente, é preciso avaliar muitas vezes porque essa vaga, a única vaga no Senado por Rondônia, é de oito anos ininterruptos.
E aí, vai um Salles?