Publicada em 26/01/2022 às 11h26
A Rússia considerou, nesta quarta-feira (26), como "destrutiva" a ideia de sanções contra o presidente Vladimir Putin, mencionada pelo governo dos Estados Unidos em caso de invasão da Ucrânia, onde as autoridades acreditam a iniciativa improvável no momento porque não há tropas suficientes mobilizadas na fronteira.
As declarações foram divulgadas pouco antes de uma reunião em Paris entre conselheiros diplomáticos dos presidentes russo, ucraniano, francês e do chanceler alemão, com o objetivo de amenizar a crise após uma série de conversas entre russos e americanos na semana passada.
As tensões não param de aumentar há vários meses a respeito da Ucrânia. A Rússia é acusada de ter concentrado dezenas de milhares de soldados na fronteira em preparação a uma invasão.
Moscou exige garantias para sua segurança e não aceita uma eventual adesão de Kiev à Otan.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou na terça-feira que poderia "considerar" sanções pessoais ao colega russo Vladimir Putin.
Se a Rússia "invadir todo país", ou "até muito menos" do que isso, terá "enormes consequências" e "mudará o mundo", afirmou o presidente americano, sem especificar quais sanções estariam sobre a mesa.
O Kremlin considerou "destrutiva" para as relações entre a Rússia e o Ocidente a ideia de impor sanções ao presidente Putin, em caso de invasão da Ucrânia.
"Do ponto de vista político, não é doloroso, é destrutivo", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa, advertindo que as medidas não terão o efeito desejado.
Embora Biden não tenha revelado detalhes sobre as eventuais sanções contra Putin, as sanções de Washington contra personalidades estrangeiras geralmente envolvem o congelamento de seus ativos e a proibição de fazer negócios nos Estados Unidos.
Peskov lembrou que a legislação russa proíbe, em princípio, autoridades de alto escalão do governo de terem ativos no exterior, motivo pelo qual tais medidas "não são, em absoluto, dolorosas" para eles.
- Manobras militares -
A Rússia intensificou nas últimas semanas as manobras militares, inclusive na fronteira com a Ucrânia, com exercícios iniciados na terça-feira que envolvem quase 6.000 homens, caças e bombardeiros no sul e na Crimeia, península ucraniana que Moscou anexou em 2014.
Antes, Moscou anunciou manobras navais no Atlântico, Ártico, Pacífico e Mediterrâneo, além de exercícios conjuntos com Belarus nas fronteiras com a União Europeia.
A Rússia também concentrou até 100.000 soldados nas fronteiras ucranianas.
Apesar de provocar um estado de alerta, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, afirmou nesta quarta-feira que o número de tropas russas estacionadas em suas fronteiras ainda é "insuficiente" para que possam lançar um ataque de grande envergadura contra seu país.
O número "é importante, representa uma ameaça para a Ucrânia, mas, no momento em que falamos, este número é insuficiente para uma ofensiva em grande escala contra a Ucrânia ao longo de toda fronteira", declarou Kuleba em uma entrevista coletiva online.
- Papa Francisco pede paz -
"Por favor, nunca mais guerra!", implorou nesta quarta-feira o papa Francisco no Vaticano, após as crescentes tensões entre Estados Unidos e Rússia.
O governo dos Estados Unidos colocou na segunda-feira 8.500 soldados em alerta. Os militares poderiam ser adicionados à Força de Resposta Rápida da Otan de 40.000 militares. Mas a decisão de envio ainda não foi tomada.
A Otan anunciou que deixa suas forças em situação de espera, além de enviar barcos e e aviões de combate para reforçar suas defesas no leste da Europa. A Rússia considera as tropas da Aliança em sua vizinhança uma ameaça existencial.