Publicada em 20/01/2022 às 09h01
Com a “desculpa” de que a inadimplência está crescente, levando muitos clientes a serem negativados e, consequentemente, ficarem sem crédito no mercado, num momento de desemprego agravado pela crise econômica e sanitária no país, o Santander anunciou, no último domingo (16/1), pelo programa Fantástico (TV Globo) que no próximo sábado (22) vai abrir suas três mil agências, em todo o Brasil, das 10 às 14 horas, como lançamento da campanha “Desendivida”.
Trabalharão gerentes de negócios e serviços de 8 horas; gerentes gerais; gerentes administrativos; e gerentes PJ, PF e Van Gogh. Não trabalharão caixas, GNS de 6 horas e demais cargos não descritos acima.
Os bancários que trabalharem as 4 horas compensarão uma hora e meia para cada hora trabalhada. E a compensação se dará na semana seguinte, e não nos 6 meses praticados por meio da Política Interna de Compensação de Horas, que não foi negociada com o movimento sindical.
A iniciativa, anunciada pela tevê aberta, pegou de surpresa os trabalhadores, que estão revoltados porque ela sequer foi negociada com o movimento sindical. Houve unicamente uma conversa telefônica, por meio da qual foi informada a decisão, que já havia sido tomada pela direção do banco.
SEM PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS
Além de convocar para trabalhar aos sábados, durante a pandemia, o banco ainda se nega a pagar horas extras. Para abrir uma agência no sábado, o banco precisa fazer alterações sistêmicas e logísticas complexas, e tudo isso foi feito em tempo recorde, mas quando se trata de beneficiar os funcionários, o banco sempre tem uma enorme dificuldade, o que revolta ainda mais os trabalhadores.
MEDIDA VAI AGRAVAR CRISE SANITÁRIA
Além de não ser a solução ideal para a crise financeira que castiga milhões de brasileiros endividados (porque não tem emprego, logo, sem fonte de renda para quitar dívidas) o Santander, com essa iniciativa de abrir agências no sábado próximo, só vai contribuir para o agravamento da pandemia de coronavírus e para o surto de Influenza, realidade que tem causado aumento nas contaminações nas agências e prédios e prejudicado os bancários.
Já existe um alto índice de bancários infectados pela covid-19 ou acometidos de gripe (Influenza) em todos os bancos, públicos e privados, e se o banco quer mesmo ajudar a população, tem que contratar bancários para que possam atender a demanda de segunda à sexta, e das 10 às 16 horas, como seria o convencional.
Ao longo da pandemia o Santander tem exposto bancários ao trabalho presencial, tem adotado protocolos frágeis contra covid-19 e intensificado a terceirização que, na prática, significa retirada de direitos.
Para o Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), em que pese a questão social colocada na campanha, é primordial que o Santander atue para garantir a saúde e a vida dos bancários e clientes; que gere empregos decentes, e não terceirizados; que dê contrapartida social ao país de forma permanente; que reduza os juros e tarifas que são impraticáveis no restante do mundo; que dirá durante uma crise econômica e sanitária.
“Mais uma vez fica claro o descaso do banco com os funcionários. Não somos contra uma campanha que, supostamente, existe para ajudar a população já debilitada financeiramente, que mal consegue se sustentar. No entanto, não podemos concordar com uma medida criada – e colocada em prática – de forma unilateral, sem dialogar com o Sindicato e que, sobretudo, vai colocar ainda mais em risco a saúde dos trabalhadores que já sofrem com tanta pressão, dia após dia, mesmo depois de tantas vidas de colegas perdidas nos quase dois anos de pandemia no Brasil”, avalia Clemilson Farias, diretor de Finanças do SEEB-RO e funcionário do Santander.
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