Publicada em 11/02/2022 às 10h21
Uma pintura pertencente a uma família judia alemã foi retirada nesta quinta-feira (10) do Museu de Belas Artes de Bruxelas para ser devolvida aos seus legítimos proprietários, um gesto que reabre a discussão sobre a história de inúmeras obras de arte.
A pintura a óleo do artista alemão Lovis Corinth - um buquê de rosas em um vaso, datado de 1913 - foi retirada do inventário do museu onde estava há 70 anos e seu título foi dado ao advogado da família.
Os familiares não puderam viajar para estar presentes na cerimônia.
"Eles estão muito felizes. Tenho certeza de que é um momento muito emocionante para eles", disse o advogado Imke Gielen sobre a restituição.
A pintura "Blumentilleben" estava catalogada no museu da seguinte forma: "Coleção desconhecida, roubada pelo Einsatzstab Reichsleiter Rosenberg [um ramo oficial do Terceiro Reich], recuperada por Leo Van Puyvelde após a libertação de Bruxelas, transferido para o Escritório de Recuperação Econômica e cedido em 1951 aos Museus Reais de Belas Artes da Bélgica".
Após décadas de análise e investigação, foi estabelecido que a pintura havia sido roubada de um depósito de móveis em Bruxelas, cidade onde a família Mayer, fugindo do regime nazista com seus três filhos, havia permanecido por mais de um ano em 1938, antes de partir para o Reino Unido.
Gustav e Emma Mayer tiveram que se desfazer de alguns de seus pertences e uma caixa contendo a pintura foi roubada daquele armazém no início da guerra.
"Esta restituição, o primeiro dos Museus de Belas Artes, é um sinal muito forte: mesmo décadas depois, a justiça pode triunfar", disse o secretário belga de Recuperação e Investimento Estratégico, Thomas Dermine.
A devolução desta obra coincidiu com a inauguração de uma nova sala do museu, que reúne sete telas de origem duvidosa, e é dedicada à restituição de obras saqueadas durante a Segunda Guerra Mundial.
Os Museus Reais de Belas Artes da Bélgica iniciaram uma exposição online em 2008 com 26 pinturas de origem desconhecida, para tentar identificar seus verdadeiros proprietários. Foi assim que a família Mayer identificou os quatro agora restaurados.