Publicada em 28/02/2022 às 10h04
Porto Velho, RO – O ex-govenador Ivo Narciso Cassol, do Progressistas, tem o “dedo podre” quando resolve apoiar nomes na política regional. Sua performance como padrinho não reflete sobremaneira a popularidade que o elevou à figura mais controversa em plagas rondonienses.
Amado por uns, odiado por outros tantos, Cassol, também ex-senador da República, atualmente depende do mesmo Supremo Tribunal Federal (STF) que o defenestrou da vida pública ao condená-lo criminalmente por fraude em licitação.
A sequela-mor trazida pelo malhete do Pretório Excelso foi a obliterção temporária de seus direitos políticos, vez que no Brasil privação de liberdade ou sanções mais duras a agentes considerados desonestos pela Justiça quase não ocorrem. Quando ocorrem, são brandas.
São raros os casos onde a irregularidade é refreada e punida de acordo.
Ainda assim, Narciso sabe que depende dele mesmo para obter as rédeas do Palácio Rio Madeira, justamente em decorrência desse handicap eleitoral deficitário quando deposita confiança em terceiros.
Agora, com a fusão do supergrupo formado por pessoas do governo Marcos Rocha, do União Brasil, e da gestão Hildon Chaves, do PSDB de Porto Velho, ele figura como a última grande pedra no sapato governamental sob uma perspectiva mais racional do panorama.
Com Léo Moraes, do Podemos, indecido, e um Vinícius Miguel, Cidania, à deriva do centro à direita, conservadores e tucanos têm em mãos um trator para abrir caminho rumo à reeleição para o Executivo estadual.
A vantagem para Miguel é que, com foco em Cassol na condição de talvez-adversário, há espaço para tratativas com legendas voláteis no campo das associações e até uma eventual formação de coalização da esquerda. Neste momento, o melhor para quem está conversando é ser subestimado.
Resumidamente, por ser a grande pedra no sapato, Cassol chama a atenção para si enquanto sua trajetória segue indefinida, isto a despeito de haver grandes possibilidades de suas pretensões não se concretizarem.
No mundo do porém, lado outro, se tudo der certo – e geralemente dá para os poderosos –, aí é problema até mesmo a quem tem a máquina nas mãos.
Cassol para os outros é deprimente, não faz nem cócegas: mas como cabo eleitoral de si mesmo tem força pra mexer com o jogo e causar reviravoltas.