Publicada em 14/02/2022 às 09h24
A esposa do líder opositor russo Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, denunciou nesta segunda-feira (14) a "covardia" do Kremlin na véspera de um novo julgamento do opositor detido, que pode ser condenado a mais 10 anos de prisão.
"Escutem, covardes e sem-vergonha! Exijo que eu tenha permissão para assistir o julgamento do meu marido, tenho todo o direito", escreveu Yulia Navalnaya em sua conta do Instagram. Ela chamou as novas acusações de "ilegais e desonestas".
O ativista anticorrupção, de 45 anos, que foi condenado a dois anos e meio de prisão em 2021, será julgado a partir de terça-feira em dois novos processos: um por "fraude" e outro por "ofensa" a um magistrado.
Navalny será julgado em um tribunal de Moscou por videoconferência a partir da colônia penitenciária de Pokro, 100 km ao leste da capital russa.
A família denuncia que não foi autorizada a acompanhar a audiência.
"As pessoas no Kremlin temem tanto Navanlny que ele será o primeiro homem na Rússia julgado diretamente a de sua cela. Querem escondê-lo da vista de todos, de seus simpatizantes e dos jornalistas", afirmou Navalnaya.
Em 2020, Navalny passou vários meses em recuperação na Alemanha depois de sobreviver a um envenenamento, que ele atribui ao presidente Vladimir Putin.
Grande inimigo do Kremlin, ele foi detido em janeiro de 2021 quando retornou à Rússia e condenado em um caso de "fraude", uma acusação que, afirma, tem motivação política.
A condenação provocou várias críticas internacionais e novas sanções ocidentais contra Moscou.
No novo processo, os investigadores acusam Navalny de ter desviado para uso pessoal mais de 4,7 milhões de dólares de doações para suas organizações, crime que pode resultar em pena de 10 anos de prisão.
O opositor também pode pode receber pena de até seis meses de prisão adicionais por um suposto "insulto" a um juiz russo durante uma audiência em 2021.
Em junho de 2021, as principais organizações de Navalny, em particular o Fundo de Luta contra a Corrupção (FBK), foram declaradas "extremistas" pela justiça russa, uma decisão que provocou o fechamento das organizações e julgamentos contra vários de seus ativistas.