Publicada em 18/02/2022 às 14h52
Um ex-assessor do ex-presidente Donald Trump manifestou preocupação pela possível ameaça da chamada "síndrome de Havana" para os Estados Unidos e seu presidente, e pediu mais atenção para esta misteriosa doença que afetou diplomatas americanos em todo o mundo.
"Se estivéssemos em guerra e um adversário pudesse inabilitar o presidente e a seus assessores mais próximos [...], isso nos deixaria extremamente vulneráveis", opina John Bolton no trecho de uma entrevista divulgado na quinta-feira (17), e que será exibida no domingo no programa "60 Minutes", da emissora CBS.
"Não sabemos se estamos lidando bem com essa ameaça", disse, "mas preferiria me concentrar em encontrar a resposta agora, ao invés de averiguar mais adiante, quando pode ser tarde demais", frisou.
Nos últimos cinco anos, funcionários americanos e seus familiares radicados em diversos países do mundo reportaram sintomas como confusão repentina, náusea e dor de cabeça, o que ficou conhecido como "síndrome de Havana", pois os primeiros incidentes foram registrados em Cuba.
O governo dos Estados Unidos se refere a esses acontecimentos como incidentes de saúde anômalos (AHI, na sigla em inglês).
A agência de inteligência CIA disse em janeiro que, após investigar os incidentes, todos eles, com a exceção de pouco mais de 20 entre cerca de 1.000 casos reportados, tinham explicações médicas ou ambientais convencionais. No entanto, para os outros 20 e tantos, não havia explicação.
A comunidade de inteligência americana disse mais tarde que seria possível provocar esses sintomas com energia intensa dirigida a partir de uma fonte externa, como pulsos eletromagnéticos e ultrassom.
A CBS adiantou que também conversou com ex-funcionários de segurança nacional de alta categoria que, em algum momento durante o governo Trump, sofreram episódios de "vertigem, confusão e perda de memória enquanto estavam na Casa Branca" e perto de suas residências na região metropolitana de Washington.
Os incidentes envolvendo funcionários afetados pela "síndrome de Havana" na Casa Branca foram reportados pela primeira vez pelo canal CNN em 2021.
O diretor atual da CIA, William Burns, informou que as investigações continuam, mas ressaltou que é um tema "muito complicado" pela enorme quantidade de possíveis explicações, e também "muito pesado emocionalmente".
Bolton foi conselheiro de segurança nacional de Trump entre abril de 2018 e setembro de 2019, e também ocupou outros cargos de alta categoria em administrações republicanas anteriores.