Publicada em 16/02/2022 às 09h04
O Kremlin reafirmou hoje (16) que o presidente russo, Vladimir Putin, está aberto às negociações diplomáticas para alívio da tensão na fronteira com a Ucrânia. A Presidência russa referiu-se também às últimas declarações do presidente dos Estados Unidos, pedindo a Joe Biden atenção ao conflito que opõe ucranianos no leste da antiga república soviética.
Vladimir Putin, afirma o Kremlin, encara positivamente a janela de diálogo que o governo Biden mantém entreaberta. Considera, no entanto, que seria preferível que o presidente norte-americano orientasse o foco para o conflito entre ucranianos.
A Presidência russa refere-se aos combates sem quartel que opõem, no leste da Ucrânia, tropas regulares do país e rebeldes pró-Rússia apoiados por Moscou.
"É positivo que o presidente norte-americano também tenha manifestado sua disponibilidade para negociações sérias", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Segundo Peskov, quaisquer conversações serão "muito difíceis", pois terão de desembocar numa reformulação da arquitetura de segurança europeia saída da guerra fria.
"Será muito difícil. Será necessária muita flexibilidade de ambos os lados, vontade política", destacou o porta-voz.
No dia em que o ministério russo da Defesa anunciou novo recuo de tropas envolvidas em exercícios militares na península da Crimeia, o xadrez diplomático fica mais denso.
O embaixador russo na Irlanda adiantou que todas as forças militares destacadas para as fronteiras ocidentais do país deverão retornar às posições normais dentro de três a quatro semanas. Nas últimas horas, o Reino Unido reforçou ameaças de novas sanções à Rússia em caso de invasão da Ucrânia. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros. Sergei Lavrov, garante que Moscou retaliará quaisquer sanções que brotem da crise.
Em entrevista concedida juntamente com o chanceler brasileiro, Carlos Alberto França, Lavrov disse esperar que os aliados ocidentais não sigam o caminho de Londres. Nessa terça-feira (15), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, citou ameaças de medidas como bloqueio ao financiamento de empresas russas em Londres e exposição pública dos detentores de companhias e propriedades
Ataques informáticos
O Kremlin negou a autoria de ataques, nos últimos dias, às infraestruturas digitais do Ministério da Defesa e de duas instituições bancárias da Ucrânia.
Ontem à noite, a Ucrânia admitiu não saber quem esteve na origem dos recentes ataques informáticos, mas não excluiu a hipótese de envolvimento da Rússia.
O Ministério da Defesa garantiu nesta quarta-feira que o ataque ao seu site continuava em curso.
Uma das preocupações manifestadas pelo Ocidente, com Washington à frente, é a possibilidade de a Rússia prosseguir com uma estratégia de desestabilização da Ucrânia por meio de ciberataques a infraestruturas consideradas críticas.