Publicada em 07/02/2022 às 09h12
As negociações para salvar o acordo sobre o programa nuclear iraniano, que estão na reta final, serão retomadas nesta terça-feira (8), em Viena - anunciou a União Europeia (UE), nesta segunda.
"Após consultas nas capitais com os respectivos governos, os participantes continuarão as discussões", informa um breve comunicado da UE, que está encarregada de coordenar o processo.
Os negociadores deixaram a mesa de negociações no final de janeiro, pedindo que "decisões políticas" sejam tomadas após os "avanços" alcançados.
Iniciada na primavera de 2021 (outono no Brasil), as discussões acontecem entre os iranianos e o restante das partes do acordo (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia), com a participação indireta dos Estados Unidos.
Desde o ano passado, os países signatários do acordo nuclear de 2015 mantêm negociações para tentar retomar o pacto, com a participação indireta dos Estados Unidos.
Em 2018, durante o governo de Donald Trump, os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do pacto, restabelecendo as sanções econômicas contra Teerã. Isso levou o Irã a deixar, progressivamente, de cumprir suas obrigações.
Após meses de estagnação, houve, nas últimas semanas, avanços na recuperação do acordo. Nele, o Irã se compromete a limitar de forma drástica suas atividades nucleares em troca do levantamento das sanções internacionais que pesam contra o país.
Na semana passada, os Estados Unidos advertiram que faltam "muito poucas semanas" e que desejam negociações "diretas" para chegar a um compromisso nesta "reta final".
"Saberemos rapidamente", quando as conversas forem retomadas na capital austríaca, se um acordo é possível, ou se é o começo de uma "realidade de escalada de tensões e crise", comentou um funcionário de alto escalão do governo americano, que pediu para não ser identificado.
O Irã disse, por sua vez, que espera respostas dos americanos.
"É natural que a República Islâmica do Irã espere as decisões necessárias da outra parte, especialmente em Washington", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Said Khatibazadeh, nesta segunda-feira (7).
"Esperamos que a delegação americana retorne para Viena com instruções claras sobre aforma de cumprir suas obrigações para suspender as sanções", acrescentou Khatibazadeh.
No sábado (5), o governo iraniano considerou "boas, mas não suficientes", as medidas tomadas pelos Estados Unidos para suspender algumas das sanções impostas a seu programa nuclear civil.
No dia anterior, o Departamento de Estado americano anunciou que estava restabelecendo derrogações importantes, que protegiam países e empresas estrangeiras envolvidas em projetos nucleares não militares da ameaça de sanções por parte dos EUA. Esta medida é considerada um passo técnico necessário para seu retorno ao pacto.