Publicada em 17/02/2022 às 16h07
A polícia canadense se mobilizou em massa na manhã desta quinta-feira (17) nas ruas de Ottawa, ocupadas por quase três semanas por manifestantes contra as medidas sanitárias, em um protesto que deixou de ser "pacífico", segundo o primeiro-ministro Justin Trudeau.
Pela primeira vez desde o início do movimento, centenas de policiais se posicionaram diante dos manifestantes e dos caminhões que bloqueavam as ruas, disse um jornalista da AFP.
A cidade de Ottawa, a província de Ontário e todo o Canadá estão em estado de emergência devido a esse movimento de protesto sem precedentes, que partiu da oposição dos caminhoneiros em se vacinar contra a covid-19 e depois se estendeu contra o conjunto de medidas sanitárias e o governo.
As forças de segurança ergueram barricadas para proteger os edifícios do Parlamento. A polícia alertou os manifestantes para deixar a área "imediatamente".
Cerca de 400 caminhões ainda ocupam as ruas do centro de Ottawa e muitos caminhoneiros retiraram os pneus de seus veículos para dificultar sua expulsão.
O movimento não é mais "pacífico", disse Trudeau em seu discurso durante um debate histórico na Câmara dos Comuns sobre a implementação da lei de medidas emergenciais.
“O objetivo de todas as medidas, incluindo as financeiras, previstas na Lei de Emergências é enfrentar a ameaça atual e controlar totalmente a situação”, disse.
Em uma carta endereçada na noite de quarta-feira aos primeiros-ministros provinciais, Trudeau disse que o movimento de protesto "ameaça a democracia" e mina "a reputação do Canadá no exterior".
- Movimento histórico -
Os manifestantes, determinados a permanecer "até o fim", receberam na quarta-feira um ultimato da polícia, que cercou os caminhões para entregar um panfleto ordenando que eles "saíssem do local".
"Eles estão tentando assustar as pessoas para que não venham neste fim de semana", disse à AFP o motorista de caminhão Kevin Veurink, 39 anos.
O homem carregando um carrinho com latas de gasolina diz que está pronto para ficar "até que nos prendam, se isso acontecer".
Na noite de quarta-feira, o novo chefe de polícia de Ottawa disse às autoridades da cidade que tinha um "plano metódico" para encerrar o protesto.
"Algumas das técnicas que podemos usar e estamos preparados para usar não são frequentemente vistas em Ottawa", alertou.
Mau tempo, chuva pela manhã e previsão de neve para a tarde podem complicar as operações da polícia, que enfrenta uma situação complexa e perigosa para expulsar manifestantes das ruas de Ottawa.
As forças de segurança temem pela presença de "elementos radicais" e também de muitas crianças na manifestação, incluindo bebês.
Uma das organizadoras do "Comboio da Liberdade", Tamara Lich, disse que esperava ser presa.
"Acho que é inevitável neste momento", disse em um vídeo postado nas redes sociais.
Na segunda-feira, Trudeau invocou, pela segunda vez na história de tempos de paz do Canadá, a Lei de Medidas de Emergência para dar às forças policiais mais poderes e, em última instância, resolver a situação.