Publicada em 18/02/2022 às 08h59
A Rússia anunciou nesta sexta-feira (18) que iniciou a retirada de mais tanques da região da fronteira ucraniana e de aviões bombardeiros da península da Crimeia, que era território ucraniano até 2014, mas foi anexada pelos russos em 2014.
"Outro trem militar com soldados e material que pertence a unidades de tanques do exército do distrito militar do oeste retornou para suas bases permanentes" na região de Nizhny Novgorod, a mais de 1.000 quilômetros da Ucrânia, afirmou o ministério da Defesa russo em um comunicado.
Ministra alemã critica a Rússia
Estas forças retornam a suas bases depois de concluir um exercício de treinamento planejado.
Um porta-voz da frota russa, citado pela agência Interfax, anunciou que 10 bombardeiros Su-24 estacionados na Crimeia deixaram a península e seguiram para bases na Rússia, com parte de um exercício militar.
O governo dos Estados Unidos afirma que a Rússia mobilizou mais de 100 mil soldados nas proximidades da fronteira com a Ucrânia, o que provoca o temor de uma invasão ao país.
O governo russo nega qualquer projeto neste sentido e, desde terça-feira, anunciou uma série de retiradas de suas tropas, com imagens de trens repletos de material militar para provar, o que não foi suficiente para convencer o Ocidente.
Putin verá exercícios nucleares
O presidente Vladimir Putin, da Rússia, vai supervisionar os exercícios militares de seu país que envolvem os militares ligados às forças nucleares no sábado (19), de acordo com a agência Interfax.
"Em 19 de fevereiro, sob a direção do comandante supremo das Forças Armadas russas, Vladimir Putin, será organizado um exercício planejado das forças de dissuasão estratégicas", informou o Ministério da Defesa, citado pelas agências russas de notícias.
De acordo com Moscou, no âmbito desses exercícios, "serão realizados disparos de mísseis balísticos e de mísseis de cruzeiro". O treinamento também envolverá soldados do distrito militar Sul da Rússia, das Forças Aeroespaciais, das Forças Estratégicas e das frotas do Norte e do Mar Negro.
O objetivo dessas manobras é, segundo o ministério, "testar o nível de preparação" das forças envolvidas e a "confiabilidade das armas estratégicas nucleares e não nucleares".
Em sua definição mais ampla, as forças "estratégicas" russas servem para responder a ameaças, inclusive em caso de guerra nuclear. Estão equipadas com mísseis de alcance intercontinental, bombardeiros estratégicos de longo alcance, submarinos, navios de superfície e aviação naval com mísseis convencionais de longo alcance.
Separatistas e governo ucraniano trocam acusações
O exército ucraniano e os rebeldes separatistas trocaram acusações nesta sexta-feira (18) sobre novos ataques com bombas no leste do país. A região está em conflito desde 2014, mas esses bombardeios violam um acordo de cessar-fogo.
Os ataques acontecem em um momento de tensão por uma possível invasão russa do país. Os rebeldes separatistas são favoráveis à Rússia e há suspeitas de que também são financiados pelo governo russo.
As autoridades ucranianas citaram 20 violações do cessar-fogo por parte dos separatistas pró-Rússia. Ao mesmo tempo, os insurgentes pró-Moscou relataram 27 disparos por parte do exército ucraniano nas últimas horas.
Na quinta-feira as duas partes já haviam trocado acusações de ataques. O governo ucraniano disse que os rebeldes chegaram a atingir uma creche, mas que não houve feridos nem mortos.
O governo russo afirmou que a situação na região do Donbass, onde há disputa separatista na Ucrânia, é muito alarmante e potencialmente muito perigosa.
Ministra alemã critica Rússia
Nesta sexta-feira, pouco antes do início de uma conferência anual de segurança na cidade de Munique, a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, afirmou que a Rússia está colocando em perigo os princípios da paz na Europa com "demandas da Guerra Fria".
"Com um envio sem precedentes de tropas para a fronteira com a Ucrânia e demandas da Guerra Fria, a Rússia desafia os princípios fundamentais da ordem de paz europeia", disse Baerbock em um comunicado, no qual pediu a Moscou "passos sérios para a desescalada".
Autoridades e diplomatas de todo o mundo se reunirão na cidade do sul da Alemanha a partir desta sexta-feira para uma reunião de três dias sobre questões de defesa e segurança.
Entre os participantes estão a vice-presidente e o secretário de Estado americano, Kamala Harris e Antony Blinken, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
A Rússia não aceitou o convite. "É uma pena que a Rússia não aproveite a oportunidade", disse Baerbock.
"Usaremos Munique para enviar uma mensagem de unidade: estamos dispostos a um diálogo sério sobre a segurança de todos, mas também precisamos de passos sérios para a desescalada da Rússia: as declarações sobre a vontade de conversar devem ser respaldadas por ofertas reais para conversar, as declarações de retirada de tropas devem ser apoiadas por retiradas de tropas que possam ser verificadas", disse Baerbock.