Publicada em 10/02/2022 às 10h20
Porto Velho, RO – Não é novidade para quem quer que seja: o ex-governador Ivo Cassol, do Progressistas, também ex-senador da República, deseja sentir, mais uma vez, o mel do Poder; por ora, infelizmente para ele, suas papilas gustativas saboreiam somente o fel incrustado ao malhete da Justiça, também envolto ao peso da lei.
Sua vida pregressa como prefeito de Rolim de Moura rendeu uma condenação criminal por fraude em licitação, esta patrocinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Com a sentença, a suspensão dos direitos políticos e o engressamento proporcionado pela Lei da Ficha Limpa, muito elogiada no passado por muitos que hoje visam deturpá-la em benefício próprio.
Em suma, o calvário de Narciso – e outros tantos –, é basicamente esperar da mesma instância que o esvaziou politicamente um feedback positivo de um julgamento “empurrado com a barriga”.
Não soa como prioridade para os ministros em Brasília a discussão acerca da modificação legal de um diploma capaz de ceder aptidão a pessoas em condições de ruína moral, vez que definitivamente refreádas pelo Judiciário.
Revesti-las, novamente, do aval emprestado a quem não deve nada soa no mínimo temeroso: considerar ombrear na vida pública, por exemplo, um Ivo Cassol e o “Fulano de Tal”, zerado, sem pendências, nem denunciado e muito menos condenado com decisão transitada em julgada no âmbito criminal, é no mínimo aberração.
Claro que o antigo representante rondoniense no Congresso Nacional vai dizer que é perseguido, se colocar como coitado, alegar inocência, etc. Afinal, é um jeitão bastante conhecido pela sociedade, inclusive admirado.
Ele é, para todos os efeitos, o único possível candidato capaz de desequilibrar uma contenda eleitoral, regionalmente falando. E sabe disso.
Tanto é que recentemente, apesar de se contradizer tietando o presidente em sua passagem-relâmpago pela Capital, Ivo disse em entrevista não precisar de Jair Bolsonaro.
Aliás, foi além: disse que o regente do Planalto “não é nenhuma Brastempo”, e com razão. Para prestar tais declarações numa região em que o bolsonarismo ainda pulula é porque de fato o ex-chefe do Executivo estadual se garante em termos de popularidade.
“Ele [Bolsonaro] é que precisa de mim”, anotou à ocasião.
Enquanto o STF não decide, sua afliação é estendida, mas a inércia Pretório Excelso propicia excursionar por aí a ideia de que está no jogo, mantendo vivíssima a intenção.
No fim, compreende, é difícil que a brincadeira do playground se transforme em fato de gente grande.
Que se refestele, então, no mundo de faz-de-conta. Isso ninguém pode tirar dele.