Publicada em 22/03/2022 às 09h25
Cientistas produziram em laboratório uma alface transgênica que pode ajudar a evitar a perda de massa óssea no espaço ou em zonas remotas da Terra, onde faltam medicamentos. O resultado do estudo foi divulgado hoje (22).
A alface, cujos benefícios terão ainda de ser testados em ambiente de microgravidade e em ensaios pré-clínicos e clínicos, foi modificada geneticamente para estimular a formação óssea.
O hormônio tem o nome de paratormônio e o gene que o codifica foi introduzido em células de alface por meio da bactéria Agrobacterium tumefaciens, espécie usada em laboratório para transferir genes às plantas.
Resultados preliminares, citados em comunicado da Sociedade de Química Americana, que promove encontro hoje para apresentar o estudo, indicam que, em média, cada quilo de alface contém entre 10 e 12 miligramas do hormônio.
Segundo os autores do estudo, os astronautas devem comer cerca de 380 gramas de alface por dia para obter dose suficiente do hormônio.
Estudos anteriores revelaram que os astronautas perdem, em média, mais de 1% de massa óssea por mês no espaço.
Os astronautas ficam na Estação Espacial Internacional até seis meses e fazem exercícios diários para contornar os efeitos da microgravidade no corpo.
Missões mais prolongadas, como a exploração da Lua ou de Marte, serão um desafio maior, inclusive para os ossos.
A equipe de pesquisadores que conduziu o estudo, da universidade norte-americana da Califórnia, sugere que, se for possível, os astronautas poderão levar sementes da alface transgénica e cultivá-las no espaço.
Há medicação que pode ajudar a repor a massa óssea, mas requer injeções diárias, uma alternativa que se torna impraticável no espaço, de acordo com os cientistas, devido principalmente ao volume de carga que representa o transporte em termos de frascos e seringas.