Publicada em 10/03/2022 às 08h28
Professor Nazareno*
O velho ditado diz que o mundo não dá voltas, ele capota. E é o que estamos vendo agora com relação à guerra da Rússia contra a Ucrânia. Poucos dias antes de Vladimir Putin ordenar a invasão do país vizinho, Jair Bolsonaro foi a Moscou prestar solidariedade ao presidente russo. “Parece que ele, o Bolsonaro, está do lado oposto”, discursou a porta-voz do governo dos Estados Unidos. E estava mesmo só que ninguém esperava, muito menos aqueles bolsonaristas mais exaltados, que o seu “queridopresidente” estaria também ao lado de Nicolás Maduro o tão criticado mandatário da Venezuela. Neste grupo, junto ao Bolsonaro também se podem incluir os presidentes de Cuba, da Nicarágua, da Coreia do Norte, Eritreia, Belarus e também o ditador da Síria. Quase todos eles são comunistas convictos ou esquerdistas. O “Mito” é a piada pronta!
Todo ditador, seja ele de direita ou de esquerda, geralmente é um sujeito limitado, boçal, antissocial, sanguinário, desumano, infame, misógino, frio, escroque, genocida, ambicioso, mentiroso, antidemocrático e preconceituoso. A invasão da Ucrânia mostra muito bem muitas destas características no Putin. E se a mídia estiver correta, percebe-se também quase tudo isso nos seus apoiadores e seguidores. E como o Brasil sempre foi um país sem muita importância na geopolítica mundial, o nosso presidente poderia não ter que pagar mais esse mico internacional: apoiar, mesmo que indiretamente, as pretensões imperialistas de um ditador sanguinário que invade outro país soberano. “Países não tem amigos nem inimigos, têm interesses” disse certa vez o Winston Churchill. Então, o que ganha o Brasil ao apoiar o Putin, a reboque do mundo?
O “Bozo” praticamente se elegeu falando mal do Socialismo, do Comunismo e de todos os regimes políticos de esquerda. Do professor Paulo Freire a Nicolás Maduro, o presidente da Venezuela, o então candidato do PSL não media palavras para esculachar a todos. “O nosso país nunca mais será governado por um presidente de esquerda”, bradava sorrindo. No Brasil, antes de se eleger, ele e os seus seguidores detonavam também o Centrão, o grupo político que segundo eles representa a velha política, representa a corrupção e os desmandos da coisa pública. Hoje não só está aliado a esse bloco político como praticamente entregou o seu fraco e desacreditado governo aos deputados e senadores do referido esquema corrupto. Definitivamente, Bolsonaro ou é muito burro ou nada entende de geopolítica mundial. Ou as duas coisas.
Não há mocinhos nesta guerra lá na Europa, mas não há como negar que o único responsável é o Vladimir Putin que invadiu e provocou toda esta carnificina. “São os lunáticos comandado os idiotas”. E para isso, ele ainda recebeu a solidariedade do presidente brasileiro. E se não acabarem logo os ataques, em pouco tempo os ucranianos podem não ter mais as suas lindas cidades nem o seu país. Por isso, a “russofobia” avançará cada vez mais num mundo que não aguenta mais ver tanto sofrimento e tantas mortes desnecessárias. E se o eleitor brasileiro não tirar democraticamente o senhor Jair Bolsonaro do poder em outubro próximo, o Brasil poderá infelizmente também enfrentar esta avassaladora aversão internacional e muitos boicotes. Aliás, o Maduro já está “se bandeando” para o lado dos Estados Unidos ao oferecer petróleo para os americanos devido às sanções impostas aos russos. E afinal, de que lado o “Bozo” está?
*Foi professor em Porto Velho