Publicada em 22/03/2022 às 11h11
Porto Velho, RO – A família Cassol tem quatro expoentes consideravelmente vitoriosos na política regional: Ivo, o principal deles, foi governador de Rondônia e ocupou cadeira no Senado.
Sua irmã, Jaqueline, tornou-se deputada federal e agora pretende rumar à Câmara Alta em Brasília. César, outro irmão, foi prefeito de Rolim de Moura e deputado estadual.
O pai do trio, Reditário, também excursionou por cargos eletivos, incluindo ofício na capital brasileira. Vereador, deputado estadual, federal e senador-tampão.
É inagável que há uma popularidade envolta ao sobrenome.
Portanto, quando Léo Moraes, do Podemos, agradece ao clã inteiro em sua veiculação oficial no Facebook sacramentando a parceria entre a sigla que comanda e os Progressistas, assume, paralelamente e quase de imediato, os ônus e os bônus de prender-se à árvore genealógica cassolista.
A despeito de Narciso – o membro-mor da parentela em termos de força política –, não surgir nas imagens do evento onde fora sacramentada a fusão, em stand-by, de pano de fundo, e levando a cabo o adágio “quem cala consente”, a princípio Ivo está, sim, com Moraes.
E aí há uma sequela complicada à qual o parlamentar terá de lidar se resolver se lançar de fato ao tabuleiro intencionando a sucessão de Coronel Marcos Rocha, do União Brasil.
Cassol, como já tachado pelo Rondônia Dinâmica em outras ocasiões, é excelente cabo eleitoral de si mesmo, porém conserva inegavelmente um “dedo indicador podre” quando resolve prestar apoio a terceiros.
Incide sobre Cassol espécie de mácula de um toque de Midas às avessas, e o histórico eleitoral não falha na hora de exemplificar o retrato rascunhado.
Muitos caíram quando levados debaixo da asa do ex-chefe do Executivo estadual: a própria Jaqueline, quando tentou o Governo de Rondônia em 2014; sua esposa Ivone, à época em que lançou-se ao Senado.
Há ainda Edivaldo Ferreira de Oliveira e Ivan Paulo Ribeiro Rocha. Eles são, respectivamente, DJ Maluco e Ivan da SAGA. A dupla, claro, foi tombada. E tombada com a benção de Ivo.
Mas é provável que a principal vítima do ‘dedo podre’ de Ivo Cassol tenha sido seu sucessor João Cahúlla, que exerceu mandato-tampão pelo PPS quando Narciso lançou-se de cabeça à candidatura de senador. Embora não fosse exatamente uma “cria” cassolista, recebeu todos os afagos do aliado.
Com a máquina nas mãos, Cahúlla foi feijão-com-arroz para o estreante Confúcio Moura (PMDB), que largou em primeiríssimo lugar no turno inaugural em 2010: 43,99% contra os 37,14% de João.
No segundo turno, Moura deu mais uma surra de votos no pupilo de Cassol, obtendo 58,68% ao final. Cahúlla, por outro lado, amargou parcos 41,32%.
Por fim, Narciso colocou as mãos sobre o ombro de um híbrido de família com empresário destacado, o genro Júnior Raposo, conhecido como Júnior da NovaLar. Apesar dos mais de 8 mil votos, como não poderia deixar de ser, o rapaz ficou de fora da Assembleia (ALE/RO).
Por isso, Léo Moraes precisa pensar desde já, levando em conta o feedback desastroso dessa terceirização de apoio cassolista, se esse abraço, no fim, não pode ser tonar espécie de tiro que saiu pela culatra.
Vale, no mínimo, a reflexão sobre o histórico.