Publicada em 23/03/2022 às 11h12
Em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) subiu a meta para os juros básicos (Selic) em novo 1 ponto percentual, a 11,75% ao ano.
O Copom já sinalizou que vai continuar subindo juros, mas em dose mais branda, não mais em 1,5 ponto como vinham sendo os ajustes.
A crise econômica causada pela pandemia do coronavírus já havia afetado diversos setores nos últimos meses. A construção civil, por exemplo, registrou a maior alta de preços nos últimos 28 anos.
Com o fim da pandemia, o setor almejava uma retomada, mas com essa alta da Selic o alerta foi ligado, vamos entender como a inflação impacta o crescimento.
Segundo o levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os preços do setor da construção apresentaram um aumento de 38,66% nos últimos 12 meses (sem considerar custos com fretes e impostos). E um dos maiores responsáveis por essa inflação é o aço, um item essencial na construção civil e demais segmentos.
Entre maio de 2020 e 2021, o preço do aço em reais subiu mais de 72,6%. No Brasil, a tonelada do material já ultrapassa o valor de R$5.000. Já o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou uma taxa de inflação de 1,87%, em abril de 2021.
Devido ao aumento, o custo por metro quadrado da construção passou a ser de R$1.363,41, já o metro quadrado da mão de obra encareceu 0,18% no mês, custando R$574,31.
Inflação do setor fechou 2021 em 18,65%, maior taxa em 9 anos
Acumulado no ano subiu 8,49 pontos percentuais em relação a 2020 (10,16%) e chegou à maior taxa na série histórica, iniciada em 2013. Em matéria publicada pelo G1 mostra que a inflação medida pelo Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) foi de 0,52% em dezembro de 2021, 0,55 ponto percentual abaixo do mês de novembro do mesmo ano (1,07%) e menor índice de 2021.
Já o acumulado no ano atingiu 18,65%, subindo 8,49 pontos percentuais em relação a 2020 (10,16%) e chegando à maior taxa na série histórica, iniciada em 2013.
Alta do dólar e inflação: Como isso impacta o setor?
A disparada nos preços da construção civil foi causada por uma série de motivos, como a alta do dólar e a desvalorização do real em cerca de 40% no período de um ano, — fator que encarece a compra doméstica de commodities produzidas no Brasil, como minério de ferro e ligas metálicas.
Além disso, o preço em dólar de diversas matérias-primas utilizadas no setor, como minério de ferro, alumínio, cobre e equipamentos para construção, continua com aumento de valor, o que tende a manter os preços em alta.
A pandemia também foi uma das responsáveis pela inflação na construção civil. Isso porque as interrupções na produção, a diferença entre oferta e demanda em meio à pandemia e a retomada da economia de países como China e Estados Unidos elevaram os preços no setor.
As consequências da inflação
O aumento dos preços e custos na construção civil resulta em um cenário de maior preferência pelos empreendimentos de valor mais alto, como aponta a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Segundo a CBIC, a inflação no setor pode reduzir o incentivo de projetos populares voltados às rendas mais baixas.
Para amenizar a situação, as lideranças do setor da construção civil sugerem que o governo reduza a alíquota de importação do aço dos atuais 12% para 1%, viabilizando assim a compra do material e aliviando a alta dos preços.