Publicada em 14/03/2022 às 09h28
O Congresso do Peru, dominado pela oposição de direita, decide nesta segunda-feira (14) se admite debater uma moção de destituição contra o presidente esquerdista Pedro Castillo, similar a que resultaram nos impeachments de Pedro Pablo Kuczynski, em 2018 e Martín Vizcarra, em 2020.
A "moção de vacância" é a segunda contra Castillo nos sete meses e meio que ele está no poder. Em dezembro, o Congresso rejeitou a primeira.
O pedido é liderado por 49 congressistas dos partidos direitistas Renovação Popular, Avança País e Força Popular, com apoio de deputados de outras bancadas.
A oposição alega "incapacidade moral" de Castillo para o cargo e precisa de 52 votos, do total de 130 congressistas, para iniciar o debate.
A oposição, no entanto, não conseguiria em uma sessão seguinte os 87 votos que a Constituição exige para remover um presidente, segundo analistas.
A sessão para discutir a admissão começa às 9h00 (11h00 de Brasília).
Castillo, por sua vez, solicitou ir ao Congresso, na terça-feira, para apresentar uma mensagem sobre o estado da nação e o contexto da crise em curso.
A oposição alega que o presidente está manchado pela suposta corrupção de seu entorno e cometeu "traição à pátria" por se declarar aberto a um referendo para conceder uma saída ao mar à vizinha Bolívia, um país sem costa.
"Não faz sentido a acusação de traição à pátria. Buscam qualquer justificativa para acabar com o governo de Castillo", disse o cientista político Fernando Tuesta em uma entrevista à imprensa estrangeira.
Este mês, a reprovação do mandatário caiu a 66%, três pontos percentuais a menos que em fevereiro quando chegou ao nível mais elevado (69%). Porém, ainda mais desprestigiado está o Congresso, que tem uma reprovação de 70%, segundo pesquisa Ipsos.
A Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) expressou, no fim de semana, "preocupação pela situação institucional que o Peru atravessa e enfatiza a necessidade de que se respeitem a ordem democrática e a vontade popular expressa em favor do presidente Pedro Castillo", em um comunicado assinado pelo atual presidente da organização, o argentino Alberto Fernández.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, entidade autônoma da OEA, já havia advertido, em 10 de dezembro, sua preocupação por como foi desvirtuado, "por falta de definição objetiva, a figura da vacância presidencial por incapacidade moral permanente e o impacto que isso tem na institucionalidade democrática do Peru".
Castilho, um professor rural de 52 anos, que assumiu a presidência do Peru em 28 de julho de 2021 para um mandato de cinco anos, é alvo de críticas daqueles que o acusam de falta de rumo e apontam suas contantes crises ministeriais.