Publicada em 31/03/2022 às 09h13
A ONU pediu nesta quinta-feira (31) ao mundo para apoiar o Afeganistão em uma conferência internacional que busca arrecadar 4,4 bilhões de dólares em assistência humanitária para o país devastado.
A conferência de doadores acontece uma semana depois do fechamento das escolas de Ensino Médio para mulheres por parte do regime Talibã, o que gerou indignação mundial, apesar da promessa do grupo de apresentar uma versão moderada de seu duro regime anterior que vigorou entre os anos de 1996 e 2001.
Os talibãs tomaram o poder no Afeganistão em 15 de agosto do ano passado, após a retirada apressada das tropas internacionais lideradas pelos Estados Unidos. A crise humanitária se agravou desde então.
A ONU, o Reino Unido, a Alemanha e o Catar, co-anfitriões da conferência virtual, condenaram o fechamento dos colégios femininos, mas insistiram que a comunidade internacional não deve abandonar o país, que tem 60% da população com necessidade de ajuda para subsistir.
Também pediram aos doadores que não caiam na armadilha de esquecer a crise no Afeganistão pela atenção que prestam à invasão russa à Ucrânia.
"A Ucrânia é de vital importância, mas o Afeganistão apela a nossas almas por compromisso e lealdade", declarou o coordenador humanitário da ONU, Martin Griffiths, ao discursar de Cabul.
A ONU busca arrecadar o triplo do valor solicitado em 2021, mas até agora só obteve 13% da quantia requerida.
A organização indicou que o Afeganistão está próximo de um colapso econômico: mais de 24 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
"Precisamos evitar o pior no Afeganistão, por isso pedimos aos doadores que sejam generosos", disse Griffiths.
O diplomata britânico afirmou que serviços básicos como saúde e educação estão "de joelhos", enquanto milhões de pessoas não têm acesso a empregos e muitos fazem empréstimos para sobreviver.
"E como se as coisas não pudessem piorar mais, o país sofre a pior seca em décadas", acrescentou.
Griffiths disse esperar que medidas como o fechamento dos colégios de Ensino Médio para mulheres sejam "revogadas em um futuro próximo".
O porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, disse que os talibãs devem escutar do mundo muçulmano que "os ensinamentos do islã não marginalizam as mulheres".
"Entendemos a sensibilidade de fazer doações ao Afeganistão neste contexto, mas insistimos também na importância de não isolar o Afeganistão. Isso legitima as posturas radicais", declarou Ansari.